Hoje não me basta esperar para que o dia passe
Hoje não me basta a escuridão para deixar de ver
Hoje não me basta encolher-me para me refugiar
Hoje não me basta chorar para as lágrimas verter
Hoje não me basta o silêncio para sossegar
Hoje também terei que me afundar; e do fundo de um escuro poço, trazer coisas viscosas emaranhadas nas mãos
Hoje também terei de com dor, escarafunchar na carne, e de um rompante, arrancar o espinho que, cravado há já muito, infectou e está rodeado de matéria pútrida
Mas...
Mas hoje, também deveria, desinfectar a carne escarafunchada e cuidar que sã cicatrize.
Mas hoje, também deveria, transformar coisas viscosas que habitam os fundos dos poços escuros em fortificante que em terra cuidada melhorassem os seus frutos
Mas hoje, também deveria, em sossego, cuidar dos silêncios e conhecer-lhes as origens
Mas hoje, também deveria, verter lágrimas sobre o tempo perdido
Mas hoje, também deveria, nos raios do Sol me refugiar ofuscando os incautos distraídos
Mas hoje, também deveria, sair da escuridão e com olhos limpos começar a ver
Mas hoje, também deveria, ansiar que este, que foi mais uma oportunidade de ser melhor, que este dia não passasse...
No entanto, uma inquietude insatisfeita, faz com que se procure o que virá a ser indesejado e que com desprezo se ignore o que se quis...
© Mário Rodrigues - 2010
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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Passos
Há passos nas nossas vidas, que são marcados pelos passos que damos na nossa vida de passos vividos e com passos por viver...
Com passos percorremos caminhos, quantos deles, longos e pedregosos caminhos, onde os passos são difíceis e dolorosos...
Dos que já dei, tento reter as arestas aguçadas que me rasgando o dorso ensinaram manhas para os próximos...
De muitos deles, não lhes soube o significado nem sei se algum dia saberei...
Nos que já dei, desgraçadamente, algumas vezes via alguém a meu lado com maior fardo; sim, há sempre fardos maiores. Tive, nessa altura dificuldade em ajudar os outros, mesmo porque nada tinha para além de ouvidos com que escutar lamentos e desabafos...
A cada lamurio que ouvia, sentia-me um pouco melhor, mesmo porque acabava de constatar que tinha sido miseravelmente útil, por momentos, a alguém. Hoje, com passos dados e, espero, muitos para dar, vejo essencialmente o caminho de uma maneira diferente da que via. Vejo também que o que nos pode ajudar não é o caminho que percorremos, mas as memórias e as lições dos passos dados, bem como o propósito e a vontade de outros passos vir a dar!...
E há sempre uma coisa que posso fazer! Escutar!...
(Este texto, hoje, é especialmente dedicado à Cátia)
(Este texto, hoje, é especialmente dedicado à Cátia)
© Mário Rodrigues - 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Vertiras e mendades
Desculpai-me mas hoje não falo. Dói-me bastante a cabeça. Tenho nos últimos dias, por força de uma actividade voluntaria que tanto me alegra como entristece, por razões diferentes, escutado histórias e experiencias de vida...
Sinto-me "pesado" e contraído. Depois de escutar uns, escuto e falo com outros... outros que não falam nem escutam uns! Enquanto falo, observo uma postura de pseudo-escuta que faz com que eu me aperceba de que estou a falar um dialecto de uma língua estranha e morta dos confins da existência da humanidade.
Ritmos de vida, faltas de educação ou de princípios, lutas por sobrevivências difíceis ou simplesmente, "estou-me a cagar", criam barreiras compactas e aparentemente intransponíveis entre as pessoas. Neste momento não me sinto muito bem. Um aperto cefálico e a mandíbula serrada com demasiada força denunciam-me alguma raiva... O silêncio em que estou há já algumas horas, concentra as imagens e as frases incompreensíveis que tenho escutado ultimamente. As relações entre os supostos próximos, estão cravadas de "verdiras" e de "mendades". Não temos tempo para ser honestos, verdadeiros e humanos; para nos escutarmos e com interesse em resolver assuntos, procurarmos soluções válidas.
Não falo porque... Hoje prefiro nem escutar... Hoje está nublado lá fora... As imagens são difusas. Não vejo com nitidez. Haverá dias em que inocente, verei as pessoas nítidas... E então, falarei credulamente delas... Hoje não falo...
© Mário Rodrigues - 2010
sábado, 10 de julho de 2010
A dama de... veio ao BO...

Esta madrugada a cena repete-se... Não! Não é a segunda, nem terceira, nem...
Volto a dar um pontapé no puzzle que se vai montando muito lentamente e por em causa coisas que nestas alturas doem de um modo profundo e prolongado...
No entanto desta...algo foi diferente!...
Tudo corria na aparente normalidade rotineira, bom clima, bom texto, escrita porreira... Ouvia-se “Ana Moura”…… 45 minutos. Paragem. Rea.30 minutos. Paragem. Rea, e,e,e…….Instala-se o caos sincronizado e normal para o caso, pressinto uma presença!... Já vi este filme!... Sinto-me estranho e procuro a "dama de negro flutuando…" os movimentos tornam-se perpétuos, e estranhamente retardados. Vejo um rosto, entubado, esboçar uma impossível expressão sorridente!?...
Sem qualquer pudor arranca-nos das mãos o seu tributo…
Mas não foi a "dama de negro"!... Fosse o que fosse era branco! Muito branco! Equacionei a possibilidade de se estar a ver alguém a chegar! Alguém de quem se tinha muitas saudades e se estava muito feliz por voltar a ver!...
Hoje não sei o que lhe chamar…depois; a cruel trova do…”hora do óbito: quatro horas e dezoito minutos do dia………..” Hoje vim para casa e não fiquei a andar pela cidade vazia com as janelas abertas…outra vez.
Estes anos...
© Mário Rodrigues - 2010
A outra dama: http://recantodossuricates.blogspot.com/2009/07/dama-desceu-ao-bloco.html
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Expulsa os bolores quando o prazer entrar...

Vem! Arranca esse nó da garganta!
Rasga essa pele negra escura que te aperta!
Tira essas lembranças da alma...
Ordena ao teu corpo que se desmembre...
Grita! Trai a dor na sua essência...
Ludibria o engasgo que se te ostenta...
Espera! Deixa o tempo chegar...
Espera! O tempo arruma as coisas no seu lugar...
O momento será breve! Algum momento chegará de assalto...
Algum momento chegará de manso...
Então, enche bem o peito de ar...
Grita até o firmamento quebrar...
Expulsa os bolores quando o prazer entrar...
...E sorri à vida... Não a deixes chorar...
© Mário Rodrigues - 2010
sábado, 8 de maio de 2010
Houve um dia...

Houve um dia que quis ser grande...mas caí...
Houve um dia que quis rir...mas chorei...
Houve um dia que quis chorar...mas não consegui...
Houve um dia que quis esquecer...mas enlouqueci...
Houve um dia que quis ser compreendido...mas magoei-me...
Houve um dia que pedi desculpa...mas enfureci...
Houve um dia que quis explicar...mas não quiseram ouvir...
Houve um dia que tive dores...mas um ataque sofri...
Houve um dia que gostei...mas triste me arrependi...
Houve um dia que caí...mas o direito de me levantar me negaram...
Houve um dia que fui feliz...mas com ódio me invejaram...
Houve um dia que quis desaparecer...mas na torre da igreja me colocaram...
Houve um dia que quis ser grande...mas deitado no chão me pisaram...
Houve um dia que achei ser lixo...mas com carinho e uma mão me levantaram...
Houve um dia que nada de bem fiz...mas que alguém me agradeceu...
Houve um dia que não prestei atenção...mas alguém se comoveu...
Houve um dia que nada fiz...mas que tudo me acharam...
Houve um dia que me arrependi...mas ainda assim me crucificaram...
Houve um dia que tudo fiz...mas que com nojo me pontapearam...
Houve um dia que quis viver...mas desprezado morri...
Houve um dia que de morte me apunhalaram...mas para desespero sobrevivi...
© Mário Rodrigues - 2010
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Hoje é sexta-feira.
Sexta. Hoje é sexta-feira. Sinto segredos das pernas, dos braços, dos pés e ouço reclamações do dorso. Esta semana foi algo trabalhosa. Sinto um leve sabor a cansaço.
Esta semana, foi daquelas em que o trabalho rendeu alguma coisa de material, mas este sabor que tenho na "boca", não é a dinheiro!
Esta semana tive a oportunidade, por várias vezes, de ser útil! Tive o prazer de ver pessoas menos apreensivas, na sequência da minha aparição. Tive a felicidade de constatar que, depois do meu trabalho, e quando as já deixava, olhei para trás e vi-as mais felizes e aliviadas.
Envolvidas nos seus universos, acabados de ser alterados, mas onde já havia um amanhã diferente.
Não! Não deram pela minha saída! Não gosto que dêem por ela. Para além de poder provocar num impulso, um acto de agradecimento, o que me deixa sempre encabulado, leva a que mais uma vez me olhem na cara, e que com isso, a possibilidade de me virem a reconhecer mais tarde aumente. A minha missão é trazer e não levar...
Hoje, sinto que nesta semana, o mundo avançou um pouquinho no sentido da nossa natureza, da nossa razão para viver. Apetece-me descansar um pouco...
© Mário Rodrigues - 2009
Esta semana, foi daquelas em que o trabalho rendeu alguma coisa de material, mas este sabor que tenho na "boca", não é a dinheiro!
Esta semana tive a oportunidade, por várias vezes, de ser útil! Tive o prazer de ver pessoas menos apreensivas, na sequência da minha aparição. Tive a felicidade de constatar que, depois do meu trabalho, e quando as já deixava, olhei para trás e vi-as mais felizes e aliviadas.
Envolvidas nos seus universos, acabados de ser alterados, mas onde já havia um amanhã diferente.
Não! Não deram pela minha saída! Não gosto que dêem por ela. Para além de poder provocar num impulso, um acto de agradecimento, o que me deixa sempre encabulado, leva a que mais uma vez me olhem na cara, e que com isso, a possibilidade de me virem a reconhecer mais tarde aumente. A minha missão é trazer e não levar...
Hoje, sinto que nesta semana, o mundo avançou um pouquinho no sentido da nossa natureza, da nossa razão para viver. Apetece-me descansar um pouco...
© Mário Rodrigues - 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Queria que hoje fosse um dia importante
Queria que hoje fosse um dia importante na minha vida... Queria que hoje, numa soma decisões plenas da inexistente liberdade, mas temo que esta intenção, só por si, sirva para boicotar tudo o resto, decidisse decidir, deixar de dar guarida a uma enorme; enorme demais, montanha de porcarias que me tornam o arrasto abrasivamente aderente ao meio...
© Mário Rodrigues - 2009
© Mário Rodrigues - 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Não era cedo; mas também já não era tarde!
Não era cedo; mas também já não era tarde! A luz era esbatida nas estepes, e frio regelava os pensamentos.
Onde estariam naquele momento? Que estariam a fazer? E ela? Aquela boca, o corpo, as ancas, os seios, as pernas...Seriam ainda, paisagens da sua exclusiva contemplação? E porque haveriam de o ser?
A saudade misturada com a solidão, formavam uma pasta cinza podre, pegajosa que se ladeava no corpo e nos membros, provocando sucessivas quedas pelo torpor no andar dos pensamentos.
A sua existência doía. Doía-lhe mesmo muito existir!
Os dias foram se transformando em coisas miseráveis, que nada tinham de desejado. O urso que sacudia toda a casa, casa...; o urso, com as patas, partia pedaços a cada impacto; desejoso, selvagem, brutal...quando ainda havia cheiros...Era a sua única visita... Mas desde que o ultimo pedaço de gordura de foca se extinguiu... Deixou, sim, deixou de aparecer.
O couro das botas cozido em neve na chama de querosene, foi o último manjar...
Lá fora...branco, muito branco!
Que quente que está o seu ventre... Acabara de lhe beijar os seios, muito suavemente, eles, dormiam já...hoje teria vergonha de fazer amor com ela...está impuro; mas por dentro. Nada fez de condenável, mas sente-se degradado.
Não era cedo; mas também já não era tarde! Talvez, de manso, ela se aproxime. Talvez, sem dor, o acolha. Talvez sedutora o envolva...
Lembro-me de a ver chegar, lenta, discreta, poderosa. Lembro-me de a desejar. Lembro-me de lhe não resistir. Lembro-me de o último suspiro expirar...
Não era cedo; mas também já não era tarde!
© Mário Rodrigues - 2009
Onde estariam naquele momento? Que estariam a fazer? E ela? Aquela boca, o corpo, as ancas, os seios, as pernas...Seriam ainda, paisagens da sua exclusiva contemplação? E porque haveriam de o ser?
A saudade misturada com a solidão, formavam uma pasta cinza podre, pegajosa que se ladeava no corpo e nos membros, provocando sucessivas quedas pelo torpor no andar dos pensamentos.
A sua existência doía. Doía-lhe mesmo muito existir!
Os dias foram se transformando em coisas miseráveis, que nada tinham de desejado. O urso que sacudia toda a casa, casa...; o urso, com as patas, partia pedaços a cada impacto; desejoso, selvagem, brutal...quando ainda havia cheiros...Era a sua única visita... Mas desde que o ultimo pedaço de gordura de foca se extinguiu... Deixou, sim, deixou de aparecer.
O couro das botas cozido em neve na chama de querosene, foi o último manjar...
Lá fora...branco, muito branco!
Que quente que está o seu ventre... Acabara de lhe beijar os seios, muito suavemente, eles, dormiam já...hoje teria vergonha de fazer amor com ela...está impuro; mas por dentro. Nada fez de condenável, mas sente-se degradado.
Não era cedo; mas também já não era tarde! Talvez, de manso, ela se aproxime. Talvez, sem dor, o acolha. Talvez sedutora o envolva...
Lembro-me de a ver chegar, lenta, discreta, poderosa. Lembro-me de a desejar. Lembro-me de lhe não resistir. Lembro-me de o último suspiro expirar...
Não era cedo; mas também já não era tarde!
© Mário Rodrigues - 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Porque teremos nós de sofrer?
Será pânico? Fobia? Será mesmo só medo? E de quê?
As mortes dos nossos queridos, os seus sofrimentos, as possibilidades de eles partirem... deixam-nos com o corpo prensado... com uma cavidade escancarada no tórax... com o cérebro fervilhante e um nó na garganta.
Observo numa ilha do Pacifico, umas fragatas, a pairarem sobre as andorinhas do mar, que de dorso negro, protegem as suas criar; as fragatas, em voos loucos atiram-se sobre as pobres, roubando-lhes os filhotes. Ali mesmo, muitos são engolidos à vista dos pais, outros são levados para o alto, onde acabam por ser objecto de disputa de outras fragatas...
Saberemos nós os sentimentos das andorinhas progenitoras, naquele momento de chacina? Sentiram elas alguma coisa? Se não sentem, porque protegem e guerreiam? E os filhos das fragatas, são eles os vilões? Seres que vivem da morte e com o sofrimento alheio?
Compreenderemos nós os verdadeiros sentidos das nossas vidas? As nossas missões? Saberemos nós a nossa dimensão e como se movimenta a cadeia interminável? Porque sofremos nós? Será o sofrimento, um elemento base e fundamental da existência da vida? Será que vivemos o sofrimento da maneira correcta? Existirá maneira correcta de o viver? Será o sofrimento simplesmente o mais eficaz dos professores? Tal como julgamos, o nosso apoio aos que sofrem, alivia os seus e os nossos sofrimentos?
Para já, apenas me ocorre enviar uma lágrima aos que neste momento têm de sofrer, tão-somente porque lhes é impossível fazer outra coisa.
...muitas outras questões se levantam em redor do sofrimento, que tal como a alegria e a felicidade, são fruto de transmissões eléctricas neurais e... e talvez mais alguma coisa...
© Mário Rodrigues - 2009
As mortes dos nossos queridos, os seus sofrimentos, as possibilidades de eles partirem... deixam-nos com o corpo prensado... com uma cavidade escancarada no tórax... com o cérebro fervilhante e um nó na garganta.
Observo numa ilha do Pacifico, umas fragatas, a pairarem sobre as andorinhas do mar, que de dorso negro, protegem as suas criar; as fragatas, em voos loucos atiram-se sobre as pobres, roubando-lhes os filhotes. Ali mesmo, muitos são engolidos à vista dos pais, outros são levados para o alto, onde acabam por ser objecto de disputa de outras fragatas...
Saberemos nós os sentimentos das andorinhas progenitoras, naquele momento de chacina? Sentiram elas alguma coisa? Se não sentem, porque protegem e guerreiam? E os filhos das fragatas, são eles os vilões? Seres que vivem da morte e com o sofrimento alheio?
Compreenderemos nós os verdadeiros sentidos das nossas vidas? As nossas missões? Saberemos nós a nossa dimensão e como se movimenta a cadeia interminável? Porque sofremos nós? Será o sofrimento, um elemento base e fundamental da existência da vida? Será que vivemos o sofrimento da maneira correcta? Existirá maneira correcta de o viver? Será o sofrimento simplesmente o mais eficaz dos professores? Tal como julgamos, o nosso apoio aos que sofrem, alivia os seus e os nossos sofrimentos?
Para já, apenas me ocorre enviar uma lágrima aos que neste momento têm de sofrer, tão-somente porque lhes é impossível fazer outra coisa.
...muitas outras questões se levantam em redor do sofrimento, que tal como a alegria e a felicidade, são fruto de transmissões eléctricas neurais e... e talvez mais alguma coisa...
© Mário Rodrigues - 2009
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
A morte do homem de quem eu era o único amigo...
Dia 0 - 8.00h – “Atenção fazer a higiene da cama 2 do quarto 4, que vai entrar um doente que vem da oncologia; é o Sr. ... Oliveira, sim é isso Oliveira! 68 anos, etc, etc...”, “então mas na cama 2 não estava a D. Albertina?”, “yap, disseste esteve...”, “ok...”
Dia 1 – 8.30h – “Então Sr. Oliveira, dormiu bem? – Vamos fazer a higiene?... Vá lá, só mais esta bolacha... Não... Os cigarros acabaram! Já sabe!”, “...não se preocupe, Mário, aqui quem precisa de cuidados sou eu! Bem o sei! Vocês é que me ajudam...”, “sim Sr. Oliveira, assim é-nos mais fácil de o ajudar a ficar melhor depressa, para ir jogar á bola com o Ricardito! Não é?”, “Sabes Mário, já vivi umas coisas... a guerra nunca me saio da cabeça...”, “...bem sei, bem sei...Sr. Oliveira, a guerra mata-nos por dentro...”, “Olha, o Ricardito diz que já tem uma namorada!”, “Aí sim! Ele esteve cá ontem?”, “...Não... Não o vejo á seis meses e meio... o pai...”
Dia 4 – 8.00h – “O Sr. Oliveira tem de ir lá abaixo, à imagiologia antes do pequeno-almoço...”, “...Ok. Que acham dele? Doente muito colaborante! Sim senhor!”, “pois é, realmente é... pena a família...”, “vem aí a mulher de quando em vez...”, “ainda não percebi porquê!”, “...tem bem a noção do seu estado, e apesar disso, colabora e chega a esboçar uns sorrisos...”, “...Sim é bastante simpático...”
Dia 6 – 16.00h – “...há visitas no quarto 4?”, “sim hoje há, está lá pessoal do estado maior...”, “... Está lá alguém de lá?”, “Está! Lembraste do Carvalho do aprovisionamento?”, “...há sim, já sei...”, “ pois é ele... dermóide...”, “...então pessoal, como anda aquilo por lá?”, “vai-se andando...”, “...oh, Rodrigues, tens ali uma bela peça...”, “quem?”, “ o Oliveira...”, “então?”, “então!?... tá a paga-las, filho da puta...”, “...eh Zé... dass... o homem mordeu-te?”, “Porra! Se calhar não sabias?”, “Não sabia nem sei!”, “Esse gajo é o maior filho da puta que eu já vi... Ninguém o gramava lá... Nem com molho de tomate...”, “ sabes o que o gajo fez ao...”, “realmente se assim é... Não é lá muito boa rês...”
Dia 7 – 01.00h – “... Porra! Parece que o gajo era mesmo um “granda” cabrão...” – No dia seguinte não o consegui olhar com os olhos cheios de empatia do costume. Tive dificuldade encaixar o que tinha ouvido naquele homem... no entanto, entre muitas outras conversas, apercebi-me que o dito era... mauzinho... as explicações para a ausência da filha e do filho, pareciam esboçar-se sem muitas interrogações! No entanto, a mim, nada de mal me fez, e ainda que tivesse feito... tenho de vencer a coisa! È sempre tempo...
Dia 8 – 16.00h – “olá Mário, não te tenho visto...”, “pois foi Sr. Oliveira, correrias! correrias!”, esforcei-me para não olhar como se tivesse a olhar para um carrasco! Não estava a conseguir ver a imagem do velhinho débil, doente terminal, mas agradável e colaborador!
Dia 9...
Dia 11... “pois, Sr. Oliveira...”
Dia 13... “um abraço, para si também...”
Dia 16...
Dia 18 – 8.00h – “... doente da cama dois do quatro, mudar a sonda e a algália... atenção que a medicação foi alterada!”, “aquilo está melhor?”, “nop, muito instável! Atenção aos registos dos valores...”, “Então amigo Oliveira?”, “...rshrshrs ohá ário, rshsrshsrsh...”, “ não se esforce, já lhe mudo a sonda...”, “...hhhuuuuumm... sabes Mário... tu és o meu único amigo...”, “então, passou-se? A sonda vai para o estômago! Não é para os miolos, homem!”, “...és um parvalhão tu... tu és o meu único amigo...”, “vá, respire fundo...”, “rshrshrs ário!...”, “sim?...”, “...rshrshrs...”
Dia 18 – 11.00h – “...está! Dr. Rocha, pode chegar cá a cima?”, “hora do óbito 10.50, chamem a família...”
Nos meus ouvidos aquela frase ecoa até hoje...
© Mário Rodrigues - 2009
Dia 1 – 8.30h – “Então Sr. Oliveira, dormiu bem? – Vamos fazer a higiene?... Vá lá, só mais esta bolacha... Não... Os cigarros acabaram! Já sabe!”, “...não se preocupe, Mário, aqui quem precisa de cuidados sou eu! Bem o sei! Vocês é que me ajudam...”, “sim Sr. Oliveira, assim é-nos mais fácil de o ajudar a ficar melhor depressa, para ir jogar á bola com o Ricardito! Não é?”, “Sabes Mário, já vivi umas coisas... a guerra nunca me saio da cabeça...”, “...bem sei, bem sei...Sr. Oliveira, a guerra mata-nos por dentro...”, “Olha, o Ricardito diz que já tem uma namorada!”, “Aí sim! Ele esteve cá ontem?”, “...Não... Não o vejo á seis meses e meio... o pai...”
Dia 4 – 8.00h – “O Sr. Oliveira tem de ir lá abaixo, à imagiologia antes do pequeno-almoço...”, “...Ok. Que acham dele? Doente muito colaborante! Sim senhor!”, “pois é, realmente é... pena a família...”, “vem aí a mulher de quando em vez...”, “ainda não percebi porquê!”, “...tem bem a noção do seu estado, e apesar disso, colabora e chega a esboçar uns sorrisos...”, “...Sim é bastante simpático...”
Dia 6 – 16.00h – “...há visitas no quarto 4?”, “sim hoje há, está lá pessoal do estado maior...”, “... Está lá alguém de lá?”, “Está! Lembraste do Carvalho do aprovisionamento?”, “...há sim, já sei...”, “ pois é ele... dermóide...”, “...então pessoal, como anda aquilo por lá?”, “vai-se andando...”, “...oh, Rodrigues, tens ali uma bela peça...”, “quem?”, “ o Oliveira...”, “então?”, “então!?... tá a paga-las, filho da puta...”, “...eh Zé... dass... o homem mordeu-te?”, “Porra! Se calhar não sabias?”, “Não sabia nem sei!”, “Esse gajo é o maior filho da puta que eu já vi... Ninguém o gramava lá... Nem com molho de tomate...”, “ sabes o que o gajo fez ao...”, “realmente se assim é... Não é lá muito boa rês...”
Dia 7 – 01.00h – “... Porra! Parece que o gajo era mesmo um “granda” cabrão...” – No dia seguinte não o consegui olhar com os olhos cheios de empatia do costume. Tive dificuldade encaixar o que tinha ouvido naquele homem... no entanto, entre muitas outras conversas, apercebi-me que o dito era... mauzinho... as explicações para a ausência da filha e do filho, pareciam esboçar-se sem muitas interrogações! No entanto, a mim, nada de mal me fez, e ainda que tivesse feito... tenho de vencer a coisa! È sempre tempo...
Dia 8 – 16.00h – “olá Mário, não te tenho visto...”, “pois foi Sr. Oliveira, correrias! correrias!”, esforcei-me para não olhar como se tivesse a olhar para um carrasco! Não estava a conseguir ver a imagem do velhinho débil, doente terminal, mas agradável e colaborador!
Dia 9...
Dia 11... “pois, Sr. Oliveira...”
Dia 13... “um abraço, para si também...”
Dia 16...
Dia 18 – 8.00h – “... doente da cama dois do quatro, mudar a sonda e a algália... atenção que a medicação foi alterada!”, “aquilo está melhor?”, “nop, muito instável! Atenção aos registos dos valores...”, “Então amigo Oliveira?”, “...rshrshrs ohá ário, rshsrshsrsh...”, “ não se esforce, já lhe mudo a sonda...”, “...hhhuuuuumm... sabes Mário... tu és o meu único amigo...”, “então, passou-se? A sonda vai para o estômago! Não é para os miolos, homem!”, “...és um parvalhão tu... tu és o meu único amigo...”, “vá, respire fundo...”, “rshrshrs ário!...”, “sim?...”, “...rshrshrs...”
Dia 18 – 11.00h – “...está! Dr. Rocha, pode chegar cá a cima?”, “hora do óbito 10.50, chamem a família...”
Nos meus ouvidos aquela frase ecoa até hoje...
© Mário Rodrigues - 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Como lençóis brancos...
Os nossos fantasmas habitam-nos, acompanham-nos, intimidam-nos... Encolhemo-nos sentados sobre os travesseiros velhos nos cantos de luz difusa, com os joelhos junto do queixo... Gotas deslizam pelo rosto... Não trazem etiqueta se de bem, se mal; e porque seriam uma delas? São simplesmente lágrimas... Alguns desejamos exorciza-los... Outros, talvez, nem por isso... Já me habituei á presença de alguns que tolero, outros, faço-lhes mesmo confissões...
© Mário Rodrigues - 2009
© Mário Rodrigues - 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Uma casinha branca...
“Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde prá plantar e prá colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela para ver o sol nascer
Às vezes saio a caminhar pela cidade
Procura de amizades
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão”
Cantada por Maria Bethânia
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde prá plantar e prá colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela para ver o sol nascer
Às vezes saio a caminhar pela cidade
Procura de amizades
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão”
Cantada por Maria Bethânia
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
As regras da sensatez
Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Autores: Carlos Tê / Rui Veloso
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Autores: Carlos Tê / Rui Veloso
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Deixei a luz a um lado
Deixei a luz a um lado e numa beira
da cama em desalinho me sentei,
sombrio, mudo, os olhos imóveis
cravados na parade.
Que tempo estive assim? Não sei; ao deixar-me
a horrível embriaguez da dor
já expirava a luz, e na varanda
ria o sol.
Não sei tão-pouco em tão terríveis horas
em que pensava ou que passou por mim;
recordo só que chorei e blasfemei
e que naquela noite envelheci.
Autor: Gustavo Adolfo Bécquer
da cama em desalinho me sentei,
sombrio, mudo, os olhos imóveis
cravados na parade.
Que tempo estive assim? Não sei; ao deixar-me
a horrível embriaguez da dor
já expirava a luz, e na varanda
ria o sol.
Não sei tão-pouco em tão terríveis horas
em que pensava ou que passou por mim;
recordo só que chorei e blasfemei
e que naquela noite envelheci.
Autor: Gustavo Adolfo Bécquer
terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Saudades...
A saudade é um nó que se instala entre a traqueia e a base da língua…
Persiste e insiste numa tentativa de nos sufocar…
Verga-nos o dorso, subjugando-nos…
O alvo, é o que há de bom na saudade, mas que no momento dela… tem um sabor “pálido”, é de um cinzento “amargo”, é…
A saudade, esventra-nos, deixando-nos ocos, vazios… corroídos…
© Mário Rodrigues - 2009
Persiste e insiste numa tentativa de nos sufocar…
Verga-nos o dorso, subjugando-nos…
O alvo, é o que há de bom na saudade, mas que no momento dela… tem um sabor “pálido”, é de um cinzento “amargo”, é…
A saudade, esventra-nos, deixando-nos ocos, vazios… corroídos…
© Mário Rodrigues - 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
O insubestimavel prazer de observar…
Hoje, sem compreender exactamente porque, acordei!
Acordei muito antes, do despertador que normalmente já costuma tocar depois de eu acordar. O dia ainda não tinha “nascido”. Olhei em redor… e reparei que, com a pouca luz que existia no quarto, observei a minha companheira de “guerra”, de um modo que me não lembro de alguma vez ter feito; meramente biológico. Realmente, a vida é uma grande maravilha. Dormia suave e silenciosamente, aquele complexo bioquímico, organizado numa verdadeira prova de mestria inimitável. Levantei-me e fui até uma janela que abri… Um ar fresco e rico em oxigénio, inundou-me os pulmões de assalto de um modo que quase me provocou dor… O silêncio da manhã e o espectáculo de ver um dia nascer, é-me muito agradável. Mesmo muito. Utilizo-o muitas vezes na sequência de dias menos fáceis. Pergunto-me a mim mesmo, quanta sorte tenho em estar a assistir a um espectáculo, que apesar de se repetir diariamente, raramente reparo como é belo, e tão raramente usufruo da energia inigualável que ele me proporciona. Apesar da minha existência, ser completamente indiferente a ele mesmo, (o nascer do dia).
Ao sair de casa, vi uma minúscula flor violeta de quatro pétalas, que seria capaz de jurar que não existia numa pequena racha do muro de pedra. Aliás, nem tinha reparado bem que o muro era daquelas pedras; grandes. Aquele muro é um enorme habitat. Aquele muro… é o universo de muitos seres… Como será o “muro” que alberga o habitat de seres dos quais eu faço parte, visto pelos olhos do transeunte que acorda cedo e repara num mero muro de pedra?
© Mário Rodrigues - 2009
Acordei muito antes, do despertador que normalmente já costuma tocar depois de eu acordar. O dia ainda não tinha “nascido”. Olhei em redor… e reparei que, com a pouca luz que existia no quarto, observei a minha companheira de “guerra”, de um modo que me não lembro de alguma vez ter feito; meramente biológico. Realmente, a vida é uma grande maravilha. Dormia suave e silenciosamente, aquele complexo bioquímico, organizado numa verdadeira prova de mestria inimitável. Levantei-me e fui até uma janela que abri… Um ar fresco e rico em oxigénio, inundou-me os pulmões de assalto de um modo que quase me provocou dor… O silêncio da manhã e o espectáculo de ver um dia nascer, é-me muito agradável. Mesmo muito. Utilizo-o muitas vezes na sequência de dias menos fáceis. Pergunto-me a mim mesmo, quanta sorte tenho em estar a assistir a um espectáculo, que apesar de se repetir diariamente, raramente reparo como é belo, e tão raramente usufruo da energia inigualável que ele me proporciona. Apesar da minha existência, ser completamente indiferente a ele mesmo, (o nascer do dia).
Ao sair de casa, vi uma minúscula flor violeta de quatro pétalas, que seria capaz de jurar que não existia numa pequena racha do muro de pedra. Aliás, nem tinha reparado bem que o muro era daquelas pedras; grandes. Aquele muro é um enorme habitat. Aquele muro… é o universo de muitos seres… Como será o “muro” que alberga o habitat de seres dos quais eu faço parte, visto pelos olhos do transeunte que acorda cedo e repara num mero muro de pedra?
© Mário Rodrigues - 2009
sábado, 4 de julho de 2009
A Dama desceu ao bloco...
Sinto-me... Não vale a pena. Tudo corria na aparente normalidade rotineira, bom clima, bom texto, escrita porreira, “Supertramp”…… 45 minutos. Paragem. Rea.30 minutos. Paragem. Rea, e,e,e…….Instala-se o caos sincronizado e normal para o caso, pressente-se a presença da… dama de negro flutuando… os movimentos tornam-se perpétuos, e estranhamente retardados. Sem qualquer pudor arranca-nos das mãos o seu tributo…nunca hei-de estar preparado para a; “desvida”…hoje não me apetece chamar-lhe outra coisa…depois; a cruel trova do…”hora do óbito, 21 horas e cinco minutos do dia………..” Merda. Não sei se vou para casa…outra vez. Estes anos de contacto com sofrimento rebentam-me...
© Mário Rodrigues - 2009
© Mário Rodrigues - 2009
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