Mostrar mensagens com a etiqueta Tenho de continuar com isto.... Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Tenho de continuar com isto.... Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O teatro eterno...

A vida em sociedade é uma "árvore" que tende permanente e incessantemente o equilíbrio e a ter exactamente o mesmo número, massa e "valor" em ramos, pedúnculos, flores, aromas e folhas, etc., na parte aérea e na subterrânea. Qualquer alteração em um dos lados, tem uma resposta no outro. No entanto, acima do solo as condições são distintas, das condições abaixo, promovendo assim, criações, perspectivas e respostas díspares, com fundamentos e resultados diferentes ou mesmo antagónicos. Como complemento a esta miscigenação, temos a proliferação de "neoplasias fúngicas" em ambos os lados do ambiente "árvore", defeituosos processuais que invadiram os ambientes que lhes não eram próprios numa demência idolatrada, manipulam povos inteiros com objectivos embusteados muito diferentes dos que os verdadeiramente movem.
O que eu lamento é a existência de espectadores de todo este "teatro" que conscientemente se alheam a todos os sofrimentos causados a ambos os lados, incentivam e promovem a "nata" dos obstinados e acéfalos psicopatas que têm como marionetas, em ambos os lados do sistema, para que deste modo, o desequilíbrio seja eterno e produza poder e lucros para eles em qualquer que seja o lado, luz ou escuridão, ar ou sufoco, alimento ou fome, guerra ou "paz"...
Muitos deles manifestam-se publicamente pela paz, pela liberdade e pela tolerância...

© Mário Rodrigues - 2020

sábado, 7 de maio de 2011

Nós não conhecemos nem dominamos os nossos cérebros!

Estou moído! Sinto-me nevrálgico e hibernante. Ontem, um dia bastante agitado, deixou sequelas para o futuro. Estou moído!
Uma tentativa, quase inebriante, que vamos desenvolvendo para sermos cada vez mais pró éticos, uma preocupação com os discernimentos de partículas "microscópicas" de ética e justo bem nas nossas existências, tem-se vindo a demonstrar, não só contranatura, como, em si mesmo, conspirativo numa dinâmica dificultadora de um saudável processo de pensamento.
Tenho reparado e sentido a acção de uma preocupação constante, permanente e, admito-o, por vezes quase patológica, em me "encaixar" nuns padrões social, cultural e antropologicamente, ditos éticos. Isso em si aparenta-se à primeira vista, algo que todos deveríamos fazer, num verdadeiro esforço de harmonia e bem-estar universal.
Não! Não só não tenho essa certeza, como vou duvidando da sua eficácia e vou sentido o seu efeito nefasto na saúde mental dos indivíduos e das sociedades.
A quantidade de casos de ansiedade patológica e depressões pré e pós traumáticas que se vão espalhando como a sombra de uma negra nuvem pelas paisagens de belos dias de Sol, vai aumentando com o crescimento dos efeitos nefastos de processo de justificação ética que vamos tentando assimilar e ensinar aos mais pequenos desde tenras idades.
De modo algum poderei afirmar que abandonada seja a ética e a tentativa da justiça!
Apenas vou achando que estamos a ir depressa demais, e isto pode parecer uma barbaridade, com este processo. Antropologicamente, não estamos preparados para esta aceleração na aplicação de todos os princípios éticos que inventamos, sendo que alguns são mesmo muito pouco éticos, claro está, vistos através das minhas "lentes" éticas. Não posso deixar de pensar no que têm sido estes 50 milhões de anos de evolução natural que produziram o homem de hoje. Não obstante, entendemos que estamos, intrinsecamente, quase totalmente errados!
Os processos contidos nestes milhões de anos de evolução sócio biológica foram amplamente constituídos por crueldades, injustiças, oportunismos e traições integrantes e derradeiras no desenrolar desses mesmos processos e no seu êxito de hoje.
O nível a que temos elevado a complexidade do pensamento, com tentativas de dissertação acerca de pensamentos, já em si, de elevado nível filosófico e complexidade de escalonamento psíquico, leva-nos a ponderar situações, circunstâncias e hipotéticas realidades que nos transportam para níveis que estamos muito longe de controlar e compreender. Sendo que, inevitavelmente, ficamos reféns deles mesmos, numa espiral de surrealismo virtual em cadeia. Nós não conhecemos nem dominamos os nossos cérebros!
Tenho ponderado a possibilidade de ir mantendo, até provas contrárias, a justiça e a ética, na gaveta entreaberta das inexistências, na companhia da liberdade, do acaso e da verdade...



© Mário Rodrigues - 2011

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Realmente não sei se algum dia me sentirei satisfeito...


O ritmo da vida durante todo ano, nem sempre, ou melhor raramente me deixa a serenidade e o silêncio de que não prescindo para fazer as minhas leituras. Frequentemente recorro ao isolamento da sala escura ou ao sossego da madrugada para, quase furtivamente, me deixar embalar e absorver pelas leituras que cada vez menos prescindo. Não obstante tal aventura, há livros que pela sua "densidade", acabo por deixar para as férias. Em período de férias o meu metabolismo desce a níveis perto do torpor. A esse fenómeno, de modo nenhum é estranho o facto, que há já muito cultivo e tenciono continuar, de manter bem longe dos meus olhos e ouvidos, qualquer meio de informação. Jornais, rádio e televisão estão expressamente proibidos de entrar no meu quotidiano de férias. Ao fim de três dias, sem esses autênticos mensageiros da desgraça, o meu humor e saúde mental melhoram numa relação inversamente proporcional aos níveis de adrenalina e excitabilidade em que vivo o resto do ano. Assim, aproveito o facto acordar sempre muito cedo, seis da manhã normalmente, para no silêncio e na calma que o sono profundo de toda a família, bem como com a frescura que manhã proporciona, me entregar a quatro ou cinco horas de "voos literários".
Nestas férias, levei para terminar de ler, um livro muito bom de Gabriel Garcia Marquez, "O Outono do Patriarca" e um outro para começar de Dostoievski, "O Idiota". Sem qualquer previsão acabei por ler pelo meio "As aventuras da Memória" de Voltaire que encontrei em formato "Pocket Book".
Já regressado das ditas férias, visito uma livraria, de que sou cliente assíduo, e entre umas preciosidades de Aldous Huxley, comprei um livro que não era suposto comprar. Raramente compro livros que estão em escaparate, publicitados até à exaustão, com nomes e capas "vestidos para matar" e cujas primeiras páginas tresandam de maravilhosas críticas dos "Guardian", "Observer", "Economist" e "Telegraph". Se me oferecessem aquele livro, certamente que o deixaria a...envelhecer em prateleira de carvalho...até tropeçar nele; mas não só não me foi dado como o comprei. Uma compra muito improvável, mas que num impulso, peguei e levei junto com os outros, para a caixa para pagar. Gabriel Weston. "Confissões de uma cirurgiã". Com "O Idiota" a meio, e na breve olhadela que dou por todos os livros que compro, com o intuito desnecessário de estabelecer a posição cronológica e nunca respeitada, das leituras dos mesmos, cravo os olhos nas páginas do dito e li, li...li mais um pouco e constato que é um "livrito" engraçado. Nada do que trás escrito me é estranho ou novidade. Parece-me que podia, perfeitamente escrever uma coisa daquelas sem grande esforço. Por se tratar de um livro relativamente pequeno, decido lê-lo de seguida e acabá-lo logo de uma vez, para mais rapidamente lamentar o dinheiro que tinha dado por ele.
Três dias depois estou a acabá-lo de ler. Nas últimas páginas encontro aquilo que, por ventura, me deixa a pensar e que eu considero o mais relevante para mim. O livro termina de um modo que eu não previa. Não só não previa, como tão bem me identificava. Num universo de altíssima competição como é este, o hospitalar, há posições e decisões que não esperamos. Muitas vezes nem as compreendemos, ou porque descontextualizados, ou porque nem ponderamos a contextualização.
O facto de em detrimento de uma carreira, optar por uma micro ou nula visibilidade profissional e social, com o intuito de se ser mais pai, mais esposo, mais filho, mais humano, mais partilhado, mais ouvinte, mais conversador...não é, de facto, muito esperado, lógico ou até mesmo bem visto.
Os anos em cujas noites e os dias foram passados nos hospitais, nas farmácias e nas vmer, os aniversários eram dias iguais ou piores que os outros bem como os Natais, Páscoas, funerais e bênçãos de fitas, dias importantes como os em que os filhotes mostram a dança das borboletas nas festas de fim de ano...foram-se acumulando.
Lembro-me da minha mulher passar por um dos hospitais, quando a caminho da faculdade, para me dar um beijo, porque não nos víamos há três, quatro ou cinco dias. Lembro-me de um dia, depois de dois beijos e um café rápido, a ficar a ver ir-se embora e pensar - "...aquela mulher é-me quase estranha!... - A distância tem sido tal, que...chego a ter uma sensação de viagem para o infinito sem regresso...
Se dessa vez, uma chamada na vmer me fez voltar à vida no fio da faca. Mais tarde, já em contexto de bloco operatório as coisas mudaram. Chegava a casa de madrugada, quase todos os dias, e em bicos de pés, deslizava até ao quarto dos meus filhos, pequeninos, e os cheirava, e observava... e acariciava os punhos fechados, num misto de força e fragilidade... sentia-os desprovidos...
Nas minhas inúmeras noites de serviço, quando o trabalho permitia, tinha por hábito passear pelos corredores das enfermarias, não só para "piscar o olho" aos meus colegas que também estavam de "vela", mas também para observar os doentes nas suas eventuais tranquilidades. Lembro-me de achar a neonatologia e a pediatria com uma angustiante semelhança à medicina interna. Se de um lado bebés e do outro idosos, mas ambos sós!... Lembro-me de lamúrias e lamentos que mais não eram que pedidos de - "por favor chega-te a mim um pouco...olha para mim e deixa que que olhe também..." - Lembro-me de bebés que o simples timbre da voz da progenitora os fazia calar e acalmar de choros sentidos...
Os meus; eu sabia ser o "super-herói" que eles exibiam aos colegas, mas não sabia se eles tinham feito cocó, ou se tinham comido bem, ou se tinham tido alguma rixa com os colegas da creche, lá estavam, de certo modo também sós... Também sabia que tinha mais uns trocos para, com eles e a mãe, fazer coisas que nunca fazia porque não estava a quando das oportunidades. O que eu não sabia, mas aprendi, asperamente, é que eles não precisavam de um super-herói nem de uns trocos... nem eles, nem a mãe deles, nem eu, nem os meus pais... o que nós precisávamos eram tão simplesmente de nós, eventualmente com menos trocos e heroicidades, mas verdadeiros e disponíveis.
Hoje esforço-me para ganhar algum dinheiro a fazer o que gosto. Faço algumas coisas de que gosto muito e me dão um prazer imenso, mas que no entanto, quase pago para as fazer, mas principalmente, estou envolvido numa densa vida humana que me abraça inebriantemente como se fosse um polvo. Parece-me permanentemente, que deveria dar mais atenção e de mim aos outros, sinto que devia sempre ir mais além, devia dar sempre mais um pouquinho, poderia dar, tenho de dar. Realmente não sei se algum dia me sentirei satisfeito...possivelmente não!...

© Mário Rodrigues - 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Hoje, principalmente, a "Conversa da treta" continua!...

Muito obrigado António...
Até sempre!...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Manhã (reedição)



Hoje, sem compreender exactamente porquê, acordei!

Acordei muito antes, do despertador que normalmente já costuma tocar depois de eu acordar. O dia ainda não tinha “nascido”. Olhei em redor… com a pouca luz que existia no quarto, observei a minha companheira de “guerra”, de um modo que me não lembro de alguma vez ter feito; meramente biológico. Realmente, a vida é uma grande maravilha. Dormia suave e silenciosamente, aquele complexo bioquímico, organizado numa verdadeira prova de mestria inimitável...
Levantei-me e fui até uma janela que abri… Um ar fresco e rico em oxigénio inundou-me os pulmões de assalto de um modo que quase me provocou dor…
O silêncio da manhã e o espectáculo de ver um dia nascer, é-me muito agradável. Mesmo muito. Utilizo-o muitas vezes na sequência de dias menos fáceis. Pergunto-me a mim mesmo, quanta sorte tenho em estar a assistir a um espectáculo, que apesar de se repetir diariamente, raramente reparo como é belo, e tão raramente usufruo da energia inigualável que ele me proporciona. Apesar da minha existência ser completamente indiferente a ele mesmo, (o nascer do dia).
Ao sair de casa vi uma minúscula flor violeta de quatro pétalas, que seria capaz de jurar que não existia numa pequena racha do muro de pedra. Aliás, nem tinha reparado bem que o muro era daquelas pedras; grandes... Aquele muro é um enorme habitat... Aquele muro… é o universo de muitos seres… Como será o “muro” que alberga o habitat de seres dos quais eu faço parte visto pelos olhos do transeunte que acorda cedo e repara num mero muro de pedra?

© Mário Rodrigues - 2009

domingo, 16 de maio de 2010

Pisco


Nestes últimos dias andei pelo bosque. Por lá, cada minuto que passa pelo meu corpo é uma hora perdida que recupero!... E a alma já mo reclamava...

Desta vez, e durante alguns dias, tive um companheiro incessante que sem qualquer receio privou comigo segredos daquela floresta que eu já mais saberia de outra forma. Ter durante várias horas, a distâncias que muitas vezes eram inferiores a dois metros, a presença de tão belo animal, foi para mim, sem qualquer dúvida, um enorme privilégio.

Muito obrigado senhor Pisco

© Mário Rodrigues - 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

- Nada! Não é nada!...


Hoje, pela manhã vejo alguém, a quem com um olhar pergunto:

- Então como estás?

Esse alguém me responde:

- Por aqui vou estando! Acordei antes do toque do relógio. Esperei um pouco e levantei-me, apesar de ainda cedo e de nada ter para fazer... Saí porque...porque se tivesse algo para fazer, sairia àquela hora. Não corro porque não tenho para onde... Simulo algum trabalho e...regresso já depois de serem reduzidas as hipóteses de perguntas. Perguntas que nunca sei responder de outro modo que não seja...um trejeito de boca acompanhado do respectivo encolher de ombros...o que em simultâneo faz com que sinta um moderado enrugamento do estômago acompanhado de pressão sobre o externo...

Com alguma preocupação pergunto:

- Mas então o que tens tu? Que se passa?

Esse alguém me responde:

- Nada! Não é nada!

Insistindo pergunto:

- Nada? Mas que tens? Que se passa?

Esse alguém me responde:

- Tenho quase tudo o que preciso! Incluindo coisas que não preciso! Há coisas que ainda não tenho, mas tenho tempo, para as ter! Há coisas que sempre ansiei, mas temo que já mais algum dia as tenha! Mas...acima de tudo lamento! Lamento muito as durezas dos corações! Corações que outrora moldados por mãos frias em pedra dura, amputados de quente ternura, não saibam pedir perdão! Que tantas vezes, nem tal careciam! Houvesse simplesmente um pegar de mão na mão... Mas ternura sei eu que têm! Apenas penas tenho, que tal amor e doçura, de paredes grossas seja refém! O que custa a muita gente, não é verdadeiramente o gesto de estender a mão! Fosse ele certamente, para em vez de pedir...conceder o perdão...


© Mário Rodrigues - 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Eu não sou doutor!..."


Existem "experiências" que tal como as "realidades", nos "arrojam" a alma por veredas cortantes que nos lavram a existência.

Cheirava mal! Tinha um odor que disparou as minhas ligações neurais como no primeiro dia que tive contacto com a drenagem urgente de um quisto dermóide...
Mas não! Não tinha qualquer coisa do género. Duas fracturas e laceração de tecidos...

"Onze ou doze..." pensei eu, enquanto imaginava a abordagem de preparação do campo para a cirurgia...

"Mas porque razão cheiras tão mal?!..."

Não consigo, apesar de algum esforço, imaginar o meu filho, que terá eventualmente a mesma idade, naquela situação...
Sinto-me responsável por aquela situação que desconheço completamente... Não sei de que modo, mas sinto-me...
Bem! Já conheço demais...

"O que se passou?..."
"Foi um doutor, no parque, que depois de "coiso" me deu um pontapé..."
"Um pontapé?..."
"...atirou-me a merda do carro para cima..., ...e fodeu-me o guito..."
"...dass! Como é que te metes nessas merdas?..."
"Oh! Doutor!..."
"Eu não sou doutor! ouviste?..."
"Yap, desculpe doutor!..."
"Eu não sou doutor..."
" Yap, enganei-me."
"Sim e então?..."
"Deu-me uma trancada com o carro e não me deu o guito porque diz que eu estava cheio de medo e não abria o cú..., diz que depois falava com o "Lâmpadas"!..."
"Lâmpadas?..., dass, ca puta de nome?!..."
"Depois da cirurgia temos de ir ter com o agente para ver ali umas fotografias de uns...senhores..."
"Oh! Doutor!... Népia. Eu não quero problemas..., só quero o guito para dar ao "Boss" para ele me orientar o coiso...!..."

Saltam-me gotas de suor da cabeça, quando me assalta a imagem de ver o meu filho ali naquela cena... Imagino-me a...

"Escuta puto! Vais ver as fotografias e vais te recordar de uns senhores doutores que vais ver...certo?"
"Népia doutor!..."
"Eu não sou doutor..."


© Mário Rodrigues - 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A noite é para se trabalhar

Pela madrugada recebi um telefonema que me trouxe de volta ao mundo dos vivos. Tenho mais que fazer... Só vim cá para dizer isto! Podia perfeitamente não ter vindo... Mas vim!

© Mário Rodrigues - 2010

Mensagens populares