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sábado, 22 de dezembro de 2012

The Day After...

Felizmente não o foi e a ser não o deveríamos saber.
No entanto, será uma óptima desculpa para recomeçarmos. Dada a época festiva em que nos encontramos, até isso poderá ser um pequeno alavancamento para, não mais uma vez, negarmo-nos o direito, o dever e o prazer de renascermos. Podemos fazer renascer um olhar mais meigo, um sorriso mais aberto, um "Bom-dia" mais verdadeiro; poderemos mesmo, não obstante as agruras que nos marcam, fortalecer os olhares "horizontais" em detrimento dos "superiores" e reequacionarmos as nossas definições de felicidade, de satisfação e de realização.
Se a nossa vida está uma "merda", a sua manutenção é-nos prejudicial, penosa, frustrante e, eventualmente, tivesse ela terminado mesmo com o fim do mundo. Teria a profecia dos perdidos, nos bafejado, os incapazes, com o conforto de um fim predestinado por terceiros e em que nada teríamos culpa alguma, tornando-nos nas vítimas prefeitas.
Se a nossa vida está uma "merda", e a sua manutenção é-nos prejudicial, penosa e frustrante, possivelmente ser-nos-á benéfico, refrescante e incentivador tomarmos as rédeas dela mesma, decidirmos decidir e escolher de entre todas a agruras, as que nos mostraram caminhos, lições e o quanto estivemos errados tantas vezes.
Façamos de hoje um primeiro dia do resto das nossas vidas; um dia seguinte ao da catástrofe; um dia de bonança pós tempestade; esforcemo-nos sem qualquer esforço para recolhermos os "cacos", nossos e os dos nossos vizinhos, colocá-los no local nas vivências vividas, limpar o que sobra e reconstruir.
Não percamos a oportunidade de sermos uma peça de um puzzle melhor e mais bonito, não deixemos que se perca mais este mundo num fim mesquinho e desperdiçado. Se eventualmente alguma coisa não tiver corrido como bem desejávamos, daqui a vinte e quatro horas começará um novo mundo como tem acontecido nos últimos cento e cinquenta milhões de anos.
 
© Mário Rodrigues - 2012

sexta-feira, 18 de março de 2011

Um dia, um dia tentei!

Um dia, um dia tentei! Mas num prenúncio de vida adiada, a tentativa saiu frustrada!
Sou incompreensível!
Ponto final.
Tenho tempo!
Talvez um dia!
Antes de depositado por sobre a raiz da sequóia sob a forma de carbono devolvido... Ou não!

© Mário Rodrigues - 2011

Hoje vi um cão!

Hoje vi um cão!
Os cães são animais amistosos...quando mordem é porque têm razões. 
Gostava de um dia ser um cão. Eles sé mordem quando têm razões. 
Alguns mordem porque não foram bem-criados e porque reflectem o desespero dos donos. Os cães pressentem os medos e os anseios dos homens. Isso reflecte perigo devido à instabilidade emocional de um bicho desequilibrado que é o homem. Eles, os cães, põem-se à defesa! 
Começam por ladrar em tom receoso. Sim. O homem representa um enorme perigo para os cães! Os homens, dificilmente compreenderão os sentimentos de um cão!

Esta manhã vi dois! Estavam debaixo de um telheiro. A dormir debaixo de um telheiro. Cobertos por um cobertor fedorento, nojento e asqueroso!... 
Eram invisíveis!
No entanto, estão atravessados nos meus olhos como ciscos granulados!

© Mário Rodrigues - 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Coiso...

Sem conotações partidárias, sindicais ou quaisquer outras, sem fantoches que se juntam a uma luta pela frente e se lambuzam vergonhosamente nos bastidores, quero, desejo e sem qualquer receio me junto a um brado em uníssono para transmitir que os portugueses em geral e nós os mais jovens não somos parvos. Não somos rascas. Não somos inúteis. Não somos despreocupados nem distraídos. Somos inteligentes, vemos muito bem e há já muito tempo, que somos explorados, roubados e desrespeitados pelos governantes e toda a teia promiscua de interesses especulativos e financeiros que os rodeia, num bolo de vergonhosas dimensões. Está na hora de deixarem de nos afrontar a fome com exibições de lucros milionários às nossas custas. Está na hora de serem honestos e dignos da confiança que lhes foi confiada. Está na hora de deixarem de nos usar a todos como insectos desprezíveis que podem ser esmagados com a ponta de um indicador. Está na hora de dizermos todos que sabemos muito bem o que eles fazem e como fazem, o que usurpam e de que modo, mas que estamos fartos. Que estão a matar a última coisa que deveria morrer no coração de uma mulher e de um homem que é a esperança. 
A revolta de um povo prende-se pelo ele possa ter a perder... Os portugueses em geral e os jovens deste país começam a ter muito pouco a perder.

© Mário Rodrigues - 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Portanto, meu amigo, isto não é coragem mas antes medo!

Para melhor se entender este post, deve ser lido antes o "Não sei se algum dia estarei satisfeito", bem como os comentários...


"...Gostava de ter a tua coragem."
...
Olá meu bom amigo,

Leio o que me dizes com cuidado e atenção. A cada passo vou reflectindo em mim. Não me invejes a coragem! Ela não existe! Pelo contrário, o que existe é pânico! Um medo enorme do que os meus pensamentos e a minha "consciência" me façam a mim mesmo! Medo de me ver obrigado a admitir perante mim próprio, que tenho ou tive uma existência inútil e perfeitamente dispensável! Que para nada servi e que nem viver consegui, limitando-me a sobreviver. 
Enquanto te escrevo isto, vai-me assaltando a cabeça o pensamento de que no fundo, nada mais sou que um egoísta pseudo-activo!... Será, quanto muito, uma ferramenta, de cabo partido, para lutar por uma sobrevivência não corpórea. Uma espécie de armistício...

Portanto, meu amigo, isto não é coragem mas antes medo!
Isto não é altruísmo mas antes egoísmo!

Mais corajoso me pareces tu, que sabendo do mesmo que eu, não te submetes aos domínios, enfrentando os medos e dominando os pânicos...

Um abraço


© Mário Rodrigues - 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O senhor já cá veio setenta e duas vezes!...

- O senhor já cá veio setenta e duas vezes!...
- Ah!... Sim!... Está bem!...
...
Fui esta manhã, num passeio que me já é lúdico, à Av. do Brasil, ao I.P.S. para me reabastecer. 

Sempre senti a disponibilização do sangue que me percorre as veias e as artérias, e digo disponibilização porque é o que eu faço! Só daria sangue se ele fosse meu, o que não é o caso! Meu é o que eu domino e controlo e por isso poderia dar ou não, no entanto tal não se aplica ao sangue assim como também não se aplica à medula óssea e outras "cenas" que vão andando pelo corpito do rapaz, mas voltando à disponibilização, desde sempre senti que vou lá receber! Receber vida, alegria e bem-estar! Venho de lá a bater com os calcanhares no rabo!... Quando saio tenho o hábito de dizer obrigado, principalmente porque me sinto na realidade agradecido.

Tenho a noção que isso já deve ter dado algum jeito a alguém, mesmo porque, à razão de aproximadamente 830/850 g de cada vez, apercebi-me hoje, que já me tiraram de dentro mais de 70 kg!... O que faria de mim um gajo com uma elegância estúpida!... Não é o caso!... Não obstante, nunca com tal me ocupei mais de dois segundos de pensamento.

Em outras situações, as profissionais, muitas vezes lamentei não haver umas unidades por ali à mão para meter nos canos de um ou de outro que estava a ficar pálido demais!... Mas, estranhamente ou talvez não, tenho comportamentos díspares em ambas as situações.

De qualquer modo, estas setenta e duas vezes, como dizia a minha avó, nem me "aquenta" nem me "arrefenta". Aliás, tensiono, se ele for estando em condições, emagrecer mais uns belos quilos durante mais uns bons anos...

A propósito, vocês também podem ficar mais elegantes se quiserem! 

© Mário Rodrigues - 2011

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

As namoradas dos meus amigos...

De um modo geral, as minhas manhãs, salvo algumas excepções, são passadas ao volante a "varar" quilómetro enquanto ouço Beethoven ou Skunk Anansie.
Ontem, envolto numa enorme melancolia, necessitava de algo que me agitasse o dia e a mente!
Enviei uma mensagem escrita a dezoito indivíduos com quem tenho uma relação de amizade que dizia o seguinte:

""Manda-me o número de telefone da tua namorada. Acho-a uma mulher muito interessante e quero combinar qualquer coisa com ela. Mário Rodrigues."

As respostas foram eventualmente surpreendentes! Dar-vos-ei a minha análise, antes mesmo das resposta.
Foi-me possível constatar que, ao contrário do que o mundo proclama, a instituição de pseudo-matrimonial não está em decadência! Foi uma constante a confiança que os meus amigos demonstraram nas suas companheiras. O facto de me enviarem prontamente os contactos directos das suas caras metades, na maioria, demonstra uma confiança inabalável nas suas dedicadas e merecedoras companheiras.
Reflicto um pouco...
Será que eles me consideram um eunuco? Que risco algum represento??...
Respostas:
3 Não responderam. Não viram ou não receberam...
1 “...vai pó ca.........”
Dos 14 que me enviaram o número imediatamente na volta da mensagem, ressalto os seguintes:
4 Mandam o número sem mais questões
5 Dizem: “então mas tu já o tens! Fala com ela quando quiseres!
3 Mandaram o número com as instruções do melhor horário para as contactar.
1 Junto do número dizia: “liga agora que ela ainda está na cama...”
1 Junto do número dizia: “...força que o período acabou há três dias e ela está no cio!...”

Como podem calcular, tive um dia bastante divertido assim como os meus amigos, os 14 que entraram e as respectivas respeitosas companheiras que deram origem a conversas dos diabos...

© Mário Rodrigues - 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Prestar atenção...

A felicidade rodeia-nos com frequência!
Descuidadamente distraídos, vamos sendo infelizes sem necessidade...

© Mário Rodrigues - 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Realmente não sei se algum dia me sentirei satisfeito...


O ritmo da vida durante todo ano, nem sempre, ou melhor raramente me deixa a serenidade e o silêncio de que não prescindo para fazer as minhas leituras. Frequentemente recorro ao isolamento da sala escura ou ao sossego da madrugada para, quase furtivamente, me deixar embalar e absorver pelas leituras que cada vez menos prescindo. Não obstante tal aventura, há livros que pela sua "densidade", acabo por deixar para as férias. Em período de férias o meu metabolismo desce a níveis perto do torpor. A esse fenómeno, de modo nenhum é estranho o facto, que há já muito cultivo e tenciono continuar, de manter bem longe dos meus olhos e ouvidos, qualquer meio de informação. Jornais, rádio e televisão estão expressamente proibidos de entrar no meu quotidiano de férias. Ao fim de três dias, sem esses autênticos mensageiros da desgraça, o meu humor e saúde mental melhoram numa relação inversamente proporcional aos níveis de adrenalina e excitabilidade em que vivo o resto do ano. Assim, aproveito o facto acordar sempre muito cedo, seis da manhã normalmente, para no silêncio e na calma que o sono profundo de toda a família, bem como com a frescura que manhã proporciona, me entregar a quatro ou cinco horas de "voos literários".
Nestas férias, levei para terminar de ler, um livro muito bom de Gabriel Garcia Marquez, "O Outono do Patriarca" e um outro para começar de Dostoievski, "O Idiota". Sem qualquer previsão acabei por ler pelo meio "As aventuras da Memória" de Voltaire que encontrei em formato "Pocket Book".
Já regressado das ditas férias, visito uma livraria, de que sou cliente assíduo, e entre umas preciosidades de Aldous Huxley, comprei um livro que não era suposto comprar. Raramente compro livros que estão em escaparate, publicitados até à exaustão, com nomes e capas "vestidos para matar" e cujas primeiras páginas tresandam de maravilhosas críticas dos "Guardian", "Observer", "Economist" e "Telegraph". Se me oferecessem aquele livro, certamente que o deixaria a...envelhecer em prateleira de carvalho...até tropeçar nele; mas não só não me foi dado como o comprei. Uma compra muito improvável, mas que num impulso, peguei e levei junto com os outros, para a caixa para pagar. Gabriel Weston. "Confissões de uma cirurgiã". Com "O Idiota" a meio, e na breve olhadela que dou por todos os livros que compro, com o intuito desnecessário de estabelecer a posição cronológica e nunca respeitada, das leituras dos mesmos, cravo os olhos nas páginas do dito e li, li...li mais um pouco e constato que é um "livrito" engraçado. Nada do que trás escrito me é estranho ou novidade. Parece-me que podia, perfeitamente escrever uma coisa daquelas sem grande esforço. Por se tratar de um livro relativamente pequeno, decido lê-lo de seguida e acabá-lo logo de uma vez, para mais rapidamente lamentar o dinheiro que tinha dado por ele.
Três dias depois estou a acabá-lo de ler. Nas últimas páginas encontro aquilo que, por ventura, me deixa a pensar e que eu considero o mais relevante para mim. O livro termina de um modo que eu não previa. Não só não previa, como tão bem me identificava. Num universo de altíssima competição como é este, o hospitalar, há posições e decisões que não esperamos. Muitas vezes nem as compreendemos, ou porque descontextualizados, ou porque nem ponderamos a contextualização.
O facto de em detrimento de uma carreira, optar por uma micro ou nula visibilidade profissional e social, com o intuito de se ser mais pai, mais esposo, mais filho, mais humano, mais partilhado, mais ouvinte, mais conversador...não é, de facto, muito esperado, lógico ou até mesmo bem visto.
Os anos em cujas noites e os dias foram passados nos hospitais, nas farmácias e nas vmer, os aniversários eram dias iguais ou piores que os outros bem como os Natais, Páscoas, funerais e bênçãos de fitas, dias importantes como os em que os filhotes mostram a dança das borboletas nas festas de fim de ano...foram-se acumulando.
Lembro-me da minha mulher passar por um dos hospitais, quando a caminho da faculdade, para me dar um beijo, porque não nos víamos há três, quatro ou cinco dias. Lembro-me de um dia, depois de dois beijos e um café rápido, a ficar a ver ir-se embora e pensar - "...aquela mulher é-me quase estranha!... - A distância tem sido tal, que...chego a ter uma sensação de viagem para o infinito sem regresso...
Se dessa vez, uma chamada na vmer me fez voltar à vida no fio da faca. Mais tarde, já em contexto de bloco operatório as coisas mudaram. Chegava a casa de madrugada, quase todos os dias, e em bicos de pés, deslizava até ao quarto dos meus filhos, pequeninos, e os cheirava, e observava... e acariciava os punhos fechados, num misto de força e fragilidade... sentia-os desprovidos...
Nas minhas inúmeras noites de serviço, quando o trabalho permitia, tinha por hábito passear pelos corredores das enfermarias, não só para "piscar o olho" aos meus colegas que também estavam de "vela", mas também para observar os doentes nas suas eventuais tranquilidades. Lembro-me de achar a neonatologia e a pediatria com uma angustiante semelhança à medicina interna. Se de um lado bebés e do outro idosos, mas ambos sós!... Lembro-me de lamúrias e lamentos que mais não eram que pedidos de - "por favor chega-te a mim um pouco...olha para mim e deixa que que olhe também..." - Lembro-me de bebés que o simples timbre da voz da progenitora os fazia calar e acalmar de choros sentidos...
Os meus; eu sabia ser o "super-herói" que eles exibiam aos colegas, mas não sabia se eles tinham feito cocó, ou se tinham comido bem, ou se tinham tido alguma rixa com os colegas da creche, lá estavam, de certo modo também sós... Também sabia que tinha mais uns trocos para, com eles e a mãe, fazer coisas que nunca fazia porque não estava a quando das oportunidades. O que eu não sabia, mas aprendi, asperamente, é que eles não precisavam de um super-herói nem de uns trocos... nem eles, nem a mãe deles, nem eu, nem os meus pais... o que nós precisávamos eram tão simplesmente de nós, eventualmente com menos trocos e heroicidades, mas verdadeiros e disponíveis.
Hoje esforço-me para ganhar algum dinheiro a fazer o que gosto. Faço algumas coisas de que gosto muito e me dão um prazer imenso, mas que no entanto, quase pago para as fazer, mas principalmente, estou envolvido numa densa vida humana que me abraça inebriantemente como se fosse um polvo. Parece-me permanentemente, que deveria dar mais atenção e de mim aos outros, sinto que devia sempre ir mais além, devia dar sempre mais um pouquinho, poderia dar, tenho de dar. Realmente não sei se algum dia me sentirei satisfeito...possivelmente não!...

© Mário Rodrigues - 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Nas viagens desconhecidas...


Nas viagens desconhecidas, pergunto-me como será por lá enquanto estou cá. Ansiaria eu que um abraço apertado me esperasse à chegada. Ir sem saber para onde, tem tanto de tentador como de...fio de lâmina fria em dorso hirto. A possibilidade de me ser permitido arrepender e voltar para trás poder-me-ia acalmar. Todos os dias no cais de um porto de mares conturbados, o ciclo ininterrupto da vida não pára com pessoas a chegar para ficar e outras a partir para não mais voltar. Alguns embarcam mas queriam ficar, outros queriam ir mas cá terão de estar. Alguns acabados de chegar, com medo querem se ir, são recebidos por outros a sorrir. Alguns estão só a observar, outros limitam-se a, no cais em círculos, caminhar. Há mesmo alguns que ninguém os recebe e ficam a chorar. Vejo neste cais a azáfama de chegar e partir como pontas de uma mesma viagem que muitas chegadas tende, como tantas partidas terá. A barcaça que está a chegar é a mesma que vejo já no horizonte de partida. O momento em que a prancha a liga ao cais alia as chegadas às partidas, os risos aos choros e as euforias às despedidas. Eu sou só mais um destes viajantes, sem saber o ponto em que me encontro. Quero ter acabado de chegar estando pronto para a partida...

© Mário Rodrigues - 2010

A dama de... veio ao BO...


Esta madrugada a cena repete-se... Não! Não é a segunda, nem terceira, nem...
Volto a dar um pontapé no puzzle que se vai montando muito lentamente e por em causa coisas que nestas alturas doem de um modo profundo e prolongado...
No entanto desta...algo foi diferente!...

Tudo corria na aparente normalidade rotineira, bom clima, bom texto, escrita porreira... Ouvia-se “Ana Moura”…… 45 minutos. Paragem. Rea.30 minutos. Paragem. Rea, e,e,e…….Instala-se o caos sincronizado e normal para o caso, pressinto uma presença!... Já vi este filme!... Sinto-me estranho e procuro a "dama de negro flutuando…" os movimentos tornam-se perpétuos, e estranhamente retardados. Vejo um rosto, entubado, esboçar uma impossível expressão sorridente!?...

Sem qualquer pudor arranca-nos das mãos o seu tributo…

Mas não foi a "dama de negro"!... Fosse o que fosse era branco! Muito branco! Equacionei a possibilidade de se estar a ver alguém a chegar! Alguém de quem se tinha muitas saudades e se estava muito feliz por voltar a ver!...
Hoje não sei o que lhe chamar…depois; a cruel trova do…”hora do óbito: quatro horas e dezoito minutos do dia………..” Hoje vim para casa e não fiquei a andar pela cidade vazia com as janelas abertas…outra vez.

Estes anos...

© Mário Rodrigues - 2010

A outra dama: http://recantodossuricates.blogspot.com/2009/07/dama-desceu-ao-bloco.html

sábado, 3 de julho de 2010

O problema é que...


O problema é que tu sorris-me e eu gosto!

Realmente, barbeei-me antes do duche, perfumei-me e vesti uma roupita "janota", preparei-me e saí quando o cão me veio "cumprimentar", e sujou-me todo e deixou-me cheio de pelo e "smell"!
Realmente, encravei-me no meio do trânsito e cheguei atrasado!
Realmente, perdi o "post-it" onde escrevi o local do encontro!
Realmente, quando cheguei ao carro tinha dois pneus furados!
Realmente, está um gelo e parece que as unhas me vão cair!
Realmente, a fazer a barba cortei-me, já sujei duas camisas e ainda está a sangrar!
Realmente, não "engoli o sapo" e por um murro na mesa perdi um bom negócio!
...
O problema é que tu sorris-me e eu gosto!
Vamos ser felizes e ter um pequeno rebanho!... Eu aposto!

Realmente, está montes de gente desempregada!
Realmente, o 25 de Abril podia ter sido melhor!
Realmente, as guerras são sempre uma enorme estupidez!
Realmente, o dez de Junho e o cinco de Outubro são relativos!
Realmente, no autocarro roubaram-me a carteira, mas que hei-de eu fazer!
Realmente, desde o dia que nascemos que sabemos que vamos morrer!
Realmente, já nem ligo às calúnias, promessas e pisadelas!
...
O problema é que tu sorris-me e eu gosto!
Vamos ser felizes e ter um belo rebanho!... Eu aposto!

Realmente, armo-me em mau e faço birra, ainda que isso seja parvo!
Realmente, eu sei que hoje vens tarde, mas já estou a olhar para a porta!
Realmente, acho que aquela árvore está no lugar errado porque faz sombra à minha toalha!
Realmente, por vezes acho que tudo o que é chatice cai-me em cima!
Realmente, estas coisas podiam-me chatear, aborrecer e fazer infeliz!
Realmente, não ignoro estas coisas todas que me esbarram no nariz!
...
O problema é que tu sorris-me e eu gosto!
Vamos ser felizes e ter um enorme rebanho!... Eu aposto!


© Mário Rodrigues - 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O meu amigo Tintas... O raposo...


No outro dia, ia eu no vinte cinco, o eléctrico para os Prazeres, quando encontrei o Tintas o raposo. Já havia muito que nos não encontrávamos!...

- Então Tintas? Como estás? A Micas raposa?
- Olá Mário! Vai-se andando!
- O resto da raposada? Pergunto eu.

Enquanto nos sentávamos para que a viagem fosse um pouco mais confortável, junto a uma das janelas, passávamos ali ao "Corpo Santo", e íamos seguindo a nossa conversa...

- Olha Mário...estão bem! Eu é que tenho andado um pouco apreensivo...
- Então? Meu velho amigo canídeo!
- Eu e a minha Micas andamos um pouco "perdidos"!... Sabes os meus raposos já têm as suas idades e já seguiram à vida deles. O Mais novo arranjou uma raposita muito jeitosa e também está a organizar a vida dele... Agora ando mais a minha Micas a aprender a viver um com o outro... Os dois... Sozinhos...

Íamos passando ali pela Rua de São Paulo, na Bica, e o meu amigo Tintas fica a olhar pela janela pensativo...

- Que diabo Tintas! Estás com a Micas há tantos anos e tens de aprender a viver com ela? Agora?
- Mário! Quando me casei com a Micas, também eu saí de casa de meus pais. Agora vou-me apercebendo de que os meus pais, muitas vezes andavam à espreita de um pouco de vida, acorrendo e aturando-nos a nós e aos meus pequenos. Eles bem sabiam que eu e os meus irmãos andávamos furtivos em longas caçadas, mesmo porque essa também tinha sido a sua história. Então sempre que podiam, ou arranjavam umas lebres frescas para reunir a raposada, ou na falta de tal, chamavam os meus pequenos e os dos meus irmãos lá para a toca. Aquela balbúrdia dava-lhes cabo da cabeça, dos nervos e também de algumas carcaças de coelho, mas...também lhes devolvia uma agitação própria de grandes correrias... Por vezes, eu e a minha Micas não acedíamos com facilidade, pois sabíamos que os pequenos todos juntos são o "diabo" e que lhes davam com os focinhos nas paredes até partir. Os meus com os primos comiam este mundo e o outro, para além de chantagearem os avós com as maiores diabruras... Então fui reparando que eles, os meus pais, apesar de cansados, desejavam aquela agitação, desarrumação e balbúrdia toda, por razões especiais... Agora vejo o grande e inocente erro dos meus pais!...

A manhã estava um pouco abafada e aquele sol abrasador em "Santos" estava-me a assar os braços! Isto dantes tinha umas persianas...ia eu pensando...

- Ó Tintas! Mas que erro é que os teus pais fizeram?
- Sem qualquer noção disso, nem eu nem a Micas, depois de juntos tínhamos os nossos projectos! Certo?
- Sim! Penso que sim!
- Pois claro que sim! Uma toca em condições, umas peles para os dias frios de inverno, umas pombas e uns coelhos na dispensa, eu construía uns xilofones com os ossos das costelas dos coelhos e tinha uma banda impecável. A Micas, fazia compotas para a feira anual das melhores compotas...bem te recordas que tínhamos sempre mil coisas para fazer e, claro está, namorar...brincávamos um com o outro e fomos tendo dias felizes... Apareceram os pequenos e os dias passaram ainda a ser mais felizes. Só que, com o caminhar dos anos, os projectos da Micas e os meus foram sendo largados, com desculpas de que já não tínhamos tempo, nem paciência, nem idade e que tínhamos a raposada para olhar e criar e mais não sei o quê... Enfim... Reparei nisso, há algum tempo, antes do mais novo se "arranjar"... Ele teve fora uns dias a aprender umas novas maneiras para apanhar os "torcazes". Eu e a Micas dissemos um para o outro:
"Não temos cá o pequeno, vamos gozar umas férias catitas!..."
- Saíste-me cá um raposão!...
- Pois saí!... Fomos a uma toca de rodízio de roedores com frutas, que é um espectáculo...assim que acabamos viemos para a toca!... Começamos a ver um filme de galinhas...a meio, já estávamos fartos e chateados!...e para te ser sincero, começamos a olhar um para o outro e parece que já nem namorar sabíamos... Deixámos de saber o que fazer os dois sozinhos...esquecemos completamente como é que se vive a dois...
- Pois a raposada vai à vida e depois... Esquece-se...
- Ó Mário, mas a raposada nem nunca nos pediu, nem tem a culpa de eu e a minha Micas, termos descuidadamente transformado todos os divertimentos e ideias que tínhamos de coisas que fazíamos e outras que queríamos fazer, numa única coisa, quase obsessiva, que foi cria-los!... Vazamos as nossas cabeças de tudo o que lá tínhamos e enchemo-las exclusivamente com a ninhada e a sua criação... A ninhada depois de criada foi à vida dela e as nossas cabeças... Vácuo! Ficaram vazias! Não fizemos a gestão adequada das nossas prioridades emocionais e intelectuais... Acabámos de criar ninhada e ficámos sem nada para fazer... Pelo menos enquanto desejo e gosto. Um projecto que preencha a vida, o tempo e a vontade de amanhã ter uma serie de coisas para fazer no seguimento de um algo mais que já não seja criar a ninhada...

Já bebia um refresco. Se bem que me está a entrar aqui uma brisa vinda do Jardim da Estrela... Hum! Que fresquinho!...

- Ó Tintas, mas tu queres ser o Manuel de Oliveira...
- Não me importava, mas quero ter netos, quero brincar e divertir-me com eles, sem que eles em si sejam a minha razão de viver. Tenho de ter uma vida composta por várias causas, trabalhos e prazeres, onde a raposada esteja incluída, mas que não seja a minha bolha de ar vital. Por isso te digo, meu amigo, que realmente tenho andado um pouco apreensivo, porque me sinto quase como quando era um jovem raposito e andava aflito a tentar achar uma coisa para ser quando fosse grande...

Cá estamos. Campo de Ourique!... Tenho belas recordações deste bairro desde os tempos da tropa...

- Tintas! Queres beber uma limonada bem fresquinha debaixo daquelas sombras ali do jardim?
- Vamos a ela, caríssimo!...
...
...E sabes uma coisa? A minha Micas, já não é aquela raposa formosa que me flamejava os olhos com o seu passar, tal como eu também não, diga-se em abono da verdade... Mas...aqueles olhos e o seu focinho húmido ainda me deixam... à procura de "lebre"...


© Mário Rodrigues - 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

1.830$00


Os "sanjo"... Pois observava-os do lado de fora dos vidros das montras e ia imaginando não só os saltos fabulosos como as velozes corridas que proporcionar-me-iam se nos meus pés estivessem... Mas na verdade nunca por cá passaram...
Não obstante o furor feminino era alcançado com os ténis da "galo"... Um dia vi uns ténis da "galo" numa montra que apesar de não serem exactamente os supremos teriam, com toda a certeza, o poder da sedução, embora menor, mas também eu próprio não era um tipo de "topo"... Tinham no entanto a virtude de serem os menos caros de todos, o que talvez me desse a possibilidade de os almejar...
À questão simples, obtiver da minha mãe uma igualmente simples resposta.

-Junta o dinheiro que logo se vê!

Bem, 1.830$00 era uma fortuna... Mas entre os 100$00 que o meu avô Francisco me dava de quando em vez e mais uns trocos daqui ou dali, mais as gorjas da minha mãe me dava por eu ir a correr serra abaixo, mais ou menos um quilometro e meio, qual "Thomas Sawyer" em busca de uns fechos, de uns botões e de umas entretelas...

Não era de um dia para o outro!
Demorava um bocado!
Demorava bastante!...
Demorou demais...

Realmente, quando cheguei a ter os ditos 1.830$00 fui, com ordens expressas e companhia, à loja...
"Não! Já não tenho nenhuns desses! Tenho ali é..."
Fui a outra loja...
"Não! Já não tenho nenhuns desses! Tenho ali é..."
Fui a outra loja...
"Não meu rapaz! A "Le Coq Sportif " já não produz esse modelo! Tenho ali é..."
...
Bem... Terei de comprar outros... Claro que muito menos fabulosos!...

"O quê? Estás mas é maluco!"

Pois sim! Os 1.830$00 acabaram no mealheiro da conta 9078-4 do MPG...


© Mário Rodrigues - 2010

Cybe ;)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Mulher...


"O que seria do mundo sem a mulher. Dai às paixões todo o ardor que puderes, aos prazeres mil vezes intensidade, aos sentidos a máxima energia e convertereis o mundo em paraíso, mas tirai dele a mulher, e o mundo será um ermo melancólico, os deleites serão apenas prelúdio do tédio."


Autor: Alexandre Herculano (1908)

terça-feira, 15 de junho de 2010

Chamei-lhe felicidade...


Num olhar descuidado vi...uma pluma pelo ar...ia embalada por uma brisa, numa leveza sublime...quase translúcida, no entanto promete ser breve a sua vida, se os elementos mais brisa não providenciarem...

Chamei-lhe felicidade...

A minha felicidade está agora dançando nos olhos dos meus amores! Meus filhos e sua mãe são como o oceano de estrelas no cosmos da minha existência ansiando pela madrugada em que brotam os botões das flores da alegria...cobrindo-me de beijos de amor!...

A felicidade é servida em pequenas doses!...cumpre-nos a missão de lhe prolongar a duração e o prazer...

No entanto, cautela...seria triste não lhe reconhecer o aroma...


© Mário Rodrigues - 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mas quem escolhe a vaselina sou eu!...


Há algum tempo vivi uma situação que descrevi em "Eu não sou doutor!...", que me deixou "podre de raiva". Se naquela situação entendi a posição do interveniente, na que se passou hoje não entendo. Um dia destes, depois de a raiva me passar, talvez a descreva já devidamente lixiviada pelo tempo. Agora não. A vida tem feito de mim um homem de causas. A indignação, o inconformismo, a raiva e a vergonha, muitas vezes me têm empurrado para a defesa de posições que me custam etiquetas, cicatrizes e outras coisas...
Mais uma vez voltei a perceber que a maioria das pessoas tem tendência a "arruaçar" sem razão e a acobardar na frente do decisor quando a razão é exclusivamente delas. As pessoas "vendem-se" demasiadamente barato. Um indivíduo pseudo-bem vestido, que vomita uma série de incongruências, previamente seleccionadas para embaraçarem os outros, cala uma multidão que minutos antes na rua tinha jurado que o esfolava vivo; ao qual eu respondia que era preciso dialogar com a pessoa certa e do modo correcto...
Cinco, cinco minutos bastaram para que aquele energúmeno, que desde já declaro como sendo um óptimo cão de fila, tenha conseguido que trinta e duas pessoas ficassem a olhar para mim, com ar raivoso, por eu estar a confrontar, com convicção, o indivíduo com as suas incoerências assumindo uma posição de intransigência com relação às suas pretensões.

"...Então! Se o Sr. Dr. diz! Vamos arriscar!..."

"Escutem lá uma coisa meus amigos! O coiro que eu estou aqui a defender, nem sequer é o meu!..."

Entre amigos, eu costumo dizer:
"Se tiver de ser, desde que me digam, até me podem vir ao cu! Mas quem escolhe a vaselina sou eu!..."

Sim! Estou ligeiramente azedo...

© Mário Rodrigues - 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um acto de ira...


Azuis. De um azul...ganga. Tinham uma sola branca de um plástico rígido...o plástico era tão rijo que comportava-se como se de ferraduras em calçada de paralelepípedos de granito se tratasse. Na minha primeira corrida, com tal coisa enfiada nos pés, para além de não conseguir parar antes da parede da curva da estrada do "Zé Alves" e claro está ter feito frente ao muro com as mãos, pernas, barriga e não sei que mais, as minhas intenções em relação a tal adereço ficaram claras! Um desaparecimento súbito vinha muito a calhar!...
Aquela porcaria tinha custado trezentos sacrificados escudos num feirante da feira de Outubro. Para além do "recadinho" de que teriam de durar até às férias do Natal... Chegado a casa constatei que a unha do dedo grande do pé direito, já tinha escrito o seu testamento e preparava-se para abandonar este "vale de lágrimas".

"MÁRIO JOÃO...", quando a minha mãe me chamava Mário João...lá vem bronca!... "Olha-me estes ténis acabados de comprar...já todos esfolados na biqueira... Tu andaste a jogar à bola?"

Apesar de não jogar à bola pelo simples facto de sempre ter detestado bola, naquele momento, assumir que tinha dado inúmeros pontapés em tudo o que era parede e pedras, claro está com o único e legitimo objectivo de...os destruir rapidamente, poderia ter consequências pouco gratificantes para as minhas nádegas e afins...sendo que, concordar com a sugestão pareceu-me menos punível...

"Foi só um bocadinho!..."

"Ainda por cima és mentiroso! Tu nunca jogas à bola!"

"Porra! Chiça! Que falta de sorte a minha!..."

Pois, pois...foi isso mesmo! Pimba, lá está o Mário João a "enxugar" as calcinhas na zona "sagrada"... Mas agora a coisa mudou completamente de figura!
Ai o tributo já foi pago? Então já vos digo!...

É certo que andei com dores nos dedos dos pés durante mais de um mês, mas aqueles miseráveis ténis, em duas semanas foram queimados na raivosa fogueira da inquisição "mariojoanina"...

© Mário Rodrigues - 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vem comer terra, que isso ajuda...


Vem comer terra, que isso ajuda
Vem-te arrastar, que isso arranha
Vem sangrar, que isso purga
Vem-te cortar, que ninguém estranha
Vem chorar, que isso traz uma ruga
Vem copular, que isso emprenha
Vem-te ferir, que isso castiga
Vem obedecer como uma formiga
Vem-te revoltar que isso rasga
Vem gritar que isso abre
Vem-te rir, que isso afronta
Vem-te gabar, que isso é mentira
Vem-te entregar, que isso conta
Vem comer, que isso alimenta
Vem alimentar, que isso mata
Vem admirar, que isso subjuga-te
Vem aprender, que isso inferniza-te
Vem esquecer, que isso anula-te
Vem ser grande, que isso escraviza-te
Vem ser pequeno, que isso mutila-te

Vem comer terra, que isso ajuda...


© Mário Rodrigues - 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

"Sussuarana"


Faz três sumana
Que na festa de Sant'Ana
O Zezé Sussuarana
Me chamou pra conversar
Dessa bocada
Nóis saímo pela estrada
Ninguém não dizia nada
Fomo andando devagar
A noite veio
O caminho estava em meio
Eu tive aquele arreceio
Que alguém nos pudesse ver
Eu quis dizer
Sussuarana, vamo imbora
Mas Virgem Nossa Senhora
Cadê boca pra dizer
Mais adiante
Do mundo, já bem distante
Nóis paremo um instante
Predemo a suspiração
Envergonhado
Ele partiu para o meu lado
Ó Virgem dos meus pecados
Me dê a absorvição
Foi coisa feita
Foi mandinga, foi maleita
Que nunca mais indireita
Que nos botaram, é capaz
Sussuarana
Meu coração não me engana
Vai fazer cinco sumana
Tu não volta nunca mais

Autores: Heckel Tavares - Luiz Peixoto

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