quarta-feira, 2 de junho de 2010
Actos em síntese I
A existência de tudo no universo tem a sua proveniência. Devo considerar mesmo que a própria inexistência, também terá a sua proveniência.
Tudo provém de matérias ou ausência delas, de processos ou ausência deles, de discussões ou ausências das mesmas. Enfim, tudo é precedido de causas, sendo que os próprios efeitos, por sua vez, são causas outras de terceiros efeitos.
Posso considerar a possibilidade de a inexistência ter como proveniência uma existência que pela acção do tempo dá lugar a uma outra, sendo que entre ambas existe o nada, ou seja a inexistência. Este conceito, é bastante óbvio e simples de apreender, visto que se trata de coisa nenhuma.
Quando escrevo num papel branco uma letra, por exemplo a letra “A”, desenrola-se um processo em que da conjugação de varias existência: o papel, o lápis, a minha mão, a minha alfabetização, o controlo mecânico dos meus movimentos e muitas outras existências, que em si mesmas provêm de um universo interminável de muitas outras, vai atribuindo “existir” a algo inexistente. Em si, este facto já comprova a proveniência e o fim do nada.
Desmembrando a passagem do tempo em fracções ínfimas das mais pequenas fracções conhecidas do tempo, observo que em cada uma delas existe uma parte de um dos pontos, que em cadeia sucessiva, dão origem à linha que acaba por ficar com a forma, devido à acção das outras existências, da letra “A”. Ora, isto comprova que não existe o presente. Existe sim, o processo de passagem do passado para o futuro, sendo que entre ambos existe a inexistência que tem origem e fim em duas, e nunca a mesma, existências.
A interiorização deste processo permite-me colocar o meu discernimento em níveis de aceitação de realidades que, aparentemente, seriam de difícil compreensão e aceitação. A sensação de estádio primordial de consciência, o que desde já declaro como sendo por mim altamente procurado e desejado, incentiva-me a observar os actos, enquanto processos de acção, como sendo complexas simbioses de existências e inexistências.
© Mário Rodrigues - 2010
4 comentários:
…Escrevo, principalmente, por falta de espaço dentro de mim para tantas emoções e tão grandes, para mim. Nos comentários, fico com a sensação de que os pingos de emoção que transbordo, caiem em "terras fecundas" e coadjuvam o nascimento de novas emoções, produzem opiniões, contra pontos e desafios… E isso, isso é “geleia real”, para as nossas vidas…
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assunto dificil, exposição clara. belo texto mário!
ResponderEliminarTens a certeza de que o que relatas não são meras transformações de tudo o que já existe? O princípio e o fim não serão meras limitações da nossa essência: a incapacidade de abarcar o infinito? (Esta afinal a derradeira heresia em que caímos sem excepção)
ResponderEliminarNão será a nossa mente que cria todo o início e o fim de alguma coisa? Como podes estabelecer o começo e o final de algo sem que isso interfira com o espaço já ocupado por tudo o que se conhece e desconhece? Nunca vi nada ser verdadeiramente criado. Vejo transformações de tudo o que já existia em coisas novas. A criação e o fim são meras manifestações de fé, ou da nossa consciência. Ou talvez isso seja só assim no meu mundo, que até aceito que possam existir outros, com manifestações diversas, e tangenciais ao meu, mas não os reconheço como criação nova.
Não serão o nada e o tudo (e estas definições são nossas, nunca a natureza estabeleceu esses limites) apenas uma só coisa, que podes modificar mas nunca fazer desaparecer porque sempre assim foi, sem mudança no seu âmago?
Abraço
tudo está estrnhamente ligado nas nossas vidas. ainda hoje me ofereceram uma torta. um dizia que era de morango , outro, Amora, eu: geleia.
ResponderEliminarlânternamagica,
ResponderEliminarFramboesa!... Não reparaste? No aroma a flores? F R A M B O E S A !
Um abraço e de voltar não te esqueças...
:-))