Hoje, em mais uma das minhas viagens por este querido país, vi duas jovens, em beira de estrada. Mais uma vez fico a pensar nas razões que podem levar uma pessoa a prostituir-se… Passam-me pela cabeça coisas como o facto de serem mães solteiras, mulheres abandonadas, vítimas de maus tratos, dividas e despesas… Logo de seguida penso nos indivíduos que as procuram. Não consigo, possivelmente por deformação intelectual, entende-los. Tenho uma imagem pré-formada, de homens… pequenos, porque pagando a uma mulher, acham que podem fazer e possivelmente fazem as animalidades mais grotescas que lhes passam pela cabeça; inseguros, porque pagam a que lhes diga que são verdadeiros “leões”, e acho ainda que são mais uma série enorme de coisas com as quais não estou minimamente preocupado… È mentira; preocupa-me o que são e o que podem fazer tais homens, principalmente porque são agentes activos numa relação, que à partida, é desvantajosa para a mulher que se está a prostituir. Penso nas companheiras de matrimónio deles… Penso nos filhos delas… Penso nos eventuais companheiros de matrimónio delas, que se estão a prostituir. Quem são eles? Qual é o papel desses indivíduos na situação? Bem sei, que as dependências, mudam completamente as regras deste jogo que descrevo, no entanto, em nada se modifica o papel do prostituidor! Aliás, possivelmente muda; muda para pior! Não me considero nem mais, nem menos homem; nem melhor, nem pior; quanto muito, diferente. Entendo perfeitamente a admiração e até contemplação do corpo, da força do amor, ou até tão simplesmente do desejo puro e duro. No entanto, tenho dificuldade em aceitar e entender a subjugação inerente e colateral. Fico sempre com uma impressão de que se trata de caracteres, com algumas deformações de algum tipo, recalcamentos, sexualidades aprisionadas, traumas… Tudo isto me leva a considerar que a prostituição, muitas vezes é uma relação, deformada entre vítimas. Uma pessoa vítima de circunstâncias “vende” um serviço a uma pessoa, vítima de outras circunstâncias, sendo que me parece que a segunda tem um universo de alternativas ao seu dispor que a primeira não tem, nomeadamente dinheiro. O aproveitamento das necessidades e fragilidades de um indivíduo por parte de um segundo, foi, é e sempre será, um desrespeito pelo outro, uma cobardia, um crime, uma atitude reprovável e inadmissível. Como poderá continuar a ser a “mais antiga profissão do mundo”.
P.S. – A prostituição infantil eleva estas preocupações a um expoente ilimitado. Tentarei reflectir sobre ela.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Mais antiga profissão do mundo
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Anjos e nem por isso,
Cartas aos amigos,
Constatações
4 comentários:
…Escrevo, principalmente, por falta de espaço dentro de mim para tantas emoções e tão grandes, para mim. Nos comentários, fico com a sensação de que os pingos de emoção que transbordo, caiem em "terras fecundas" e coadjuvam o nascimento de novas emoções, produzem opiniões, contra pontos e desafios… E isso, isso é “geleia real”, para as nossas vidas…
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Olá Mário,
ResponderEliminarGostei do texto, e reconheço-lhe o sentido (enquanto prostituição de beira-estrada). Fiquei a pensar nas outras, aquelas que muitos "da alta roda" frequentam sem comparar carteiras, aquelas que têm mais do que alguns dos clientes, mas que continuam... Dizem que sempre por pouco tempo... Para acabar o curso... para o carro de gama alta... (mas continuam...)
E escrevi isto e fico a pensar noutras formas de prostituição, em que não se vende o físico, mas em que se vende a alma... Caneco...
Mário
ResponderEliminarNa sociedade em que vivemos, e como diz o Cyberider, vende-se sobretudo a alma e essa é uma forma preocupante de prostituição porque é invisível...
Quanto à outra, costumo pensar que ela só existe porque há homens que a frequentam...
abraço
Siwa
CybeRider. As interrogações que deixas no ar, levam-me... (rapidamente volto atrás, por achar que me precipito. Reflicto e...) a ponderar a possibilidade de existir uma "amalgama" sentimental, onde se misturam prazeres, (dos bens e do sexo. Excluo o do amor), com dinheiro, solidão endógena, audácia e a manutenção da exploração de um filão que dará enquanto der. Mata Hari...
ResponderEliminarSiwa,
ResponderEliminarA alma contém o valor que somos. Que venderia eu a não ser a minha alma? Ainda que o trabalho seja corporal e físico, seria como um “balanco” ao vento, se os movimentos fossem "desalmados". Já tenho feito muito bons negócios com a minha alma, mas frequentemente a vendo por miseráveis trocos...