
Algures numa estrada por onde passava, senti um som gordo no peito. Estalava como as palmas das mãos de meninas, esticando dolorosamente os dedos para trás, como penas nas pontas de uma asa.
Uns braços varriam a linha da estrada, como que indicando um hipotético caminho. Os caminhos, compostos de generosas quantidades de vazio, de nadas e de aridez... Podemos caminhar e até mesmo voltar para trás, com uma ilusória sensação de liberdade; mas podemos também cruzar a fronteira — para o desconhecido ou para um regaço embalado por déjà vu's…
Timbres de pequenas canções, cantadas ao som de batidas em latas e ferros. Eu poderia salvar-me, claro que sim! Bastava, para isso, que quisesse.
Querer de um modo inequívoco, em que tudo o que compõe a decisão fosse claro e abarcasse toda a amplitude da palavra e do ato.
Mas qual das salvações desejo?
Na estrada, a maré está alta! As raízes que brotam do asfalto, quais ondas térmicas, desenham caminhos ladeados de trompetes cujas terminações ecoam em dós menores de oboés…
Mas este... Este é apenas mais um dos percursos possíveis na existência de um homem...
Caminhemos...