Algures
numa estrada, em que eu passava, senti um som gordo no meu peito. Estalava como
as palmas mas mãos de meninas, esticando dolorosamente as mãos até projectarem
os dedos para trás como penas pontas de asa. Uns braços varriam a linha da
estrada com o intuito de indicar um hipotético caminho. Os caminhos, compostos
de generosas quantidades de vazio, nadas e aridez, podemos caminhar e, até
mesmo, voltar para trás com uma ilusória sensação de liberdade; mas podemos
também cruzar a fronteira; para o desconhecido ou para um regaço embalado por
Déjà vu's …
Timbres de pequenas canções
cantadas com o acompanhamento de batidas de latas e ferros. Eu poder-me-ia
salvar, com certeza que sim! Bastava para isso que quisesse. Querer de um modo
inequívoco e em que tudo o que compõe a decisão fosse claro e abarcasse toda a
amplitude da palavra e do acto. Mas qual das salvações desejo?
Na estrada, a maré está alta! As
raízes que brotam do asfalto, quais ondas térmicas, mostram caminhos ladeados
de rés de trompetes com terminações de dós menores de oboés… mas este, este é
só mais um dos percursos possíveis em existência de homem...
Caminhemos...
© Mário
Rodrigues - 2013
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…Escrevo, principalmente, por falta de espaço dentro de mim para tantas emoções e tão grandes, para mim. Nos comentários, fico com a sensação de que os pingos de emoção que transbordo, caiem em "terras fecundas" e coadjuvam o nascimento de novas emoções, produzem opiniões, contra pontos e desafios… E isso, isso é “geleia real”, para as nossas vidas…