quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

...como penas pontas de asa...

Algures numa estrada, em que eu passava, senti um som gordo no meu peito. Estalava como as palmas mas mãos de meninas, esticando dolorosamente as mãos até projectarem os dedos para trás como penas pontas de asa. Uns braços varriam a linha da estrada com o intuito de indicar um hipotético caminho. Os caminhos, compostos de generosas quantidades de vazio, nadas e aridez, podemos caminhar e, até mesmo, voltar para trás com uma ilusória sensação de liberdade; mas podemos também cruzar a fronteira; para o desconhecido ou para um regaço embalado por Déjà vu's …

Timbres de pequenas canções cantadas com o acompanhamento de batidas de latas e ferros. Eu poder-me-ia salvar, com certeza que sim! Bastava para isso que quisesse. Querer de um modo inequívoco e em que tudo o que compõe a decisão fosse claro e abarcasse toda a amplitude da palavra e do acto. Mas qual das salvações desejo? 

Na estrada, a maré está alta! As raízes que brotam do asfalto, quais ondas térmicas, mostram caminhos ladeados de rés de trompetes com terminações de dós menores de oboés… mas este, este é só mais um dos percursos possíveis em existência de homem...
Caminhemos...

© Mário Rodrigues - 2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Será que temos... Insucesso escolar, insucesso na aprendizagem, insucesso no ensino ou nenhum deles?



Se nos processos de aprendizagem, formação da personalidade e estruturamento de prioridades no desenvolvimento do individuo e do seu carácter, o conhecimento empírico e holístico tem um peso derradeiro, no ambiente "escola", tais modos de adquirir saberes, não são tão usados ou correntemente utilizados sendo preferido um método de administração de conhecimentos mais tutorial.
A incomensurabilidade simultânea de simplicidade e complexidade do cérebro, fá-lo ser, provavelmente, o único órgão capaz de desenvolver um estudo aprofundado de si próprio, sendo que a simplicidade lógica e quase "binaria" dos processos de estímulo/resposta neurológicos contrasta com a variedade de respostas possíveis após o decorrer desse mesmo processo. O conhecimento do funcionamento do cérebro é fundamental para a melhor adaptação dos métodos de ensino, para que desse modo se agilize a aprendizagem.
Proporcionarmo-nos experiências frequentes de consciencialização da estrutura física e funcional do cérebro deverá ser um dos primeiros passos num longo caminho de o bem utilizar, promovendo através destas um melhor entendimento do que nos rodeia e de como poderemos transmitir eficazmente esse conhecimento a outros.
Tratando-se de um órgão essencialmente funcional, a complexidade, diversidade e o trabalho envolvido nos processos, são decisivos para um amplo crescimento e desenvolvimento do mesmo, não obstante o dimorfismo sexual humano, condiciona o desenvolvimento cognitivo.
A adaptabilidade plástica do cérebro, estrutural e funcional ao longo do decorrer da vida com o objetivo de acompanhar as exigências e funções da adaptação a ambientes aliada á ferramenta de excelência, a linguagem em todas as suas vertentes, permitem o acesso necessário à troca de aprendizagens e conhecimentos. Esses, por sua vez, fazendo uso da ferramenta de desencriptação da mensagem que lhe transmitimos dominam a capacidade de "desencriptar" a mensagem, factor determinante para a quantidade de informação entendida, condicionando assim a eficácia da mesma.
É imprescindível a utilização de léxicos comuns a ambos os agentes. Esta ideia poderá levantar questões relacionadas, nomeadamente de quem deve fazer o quê?
Devem os educadores utilizar léxicos menos ricos ou até mesmo pobres para fazerem chegar a mensagem?
Deveremos todos nós, promover, habilitar ou reabilitar o nosso vocabulário e dinâmica de transmissão de sensações?
Num verdadeiro exercício de imaginação, suponho-me fisicamente em uma plateia em discussão, constituída por ilustríssimos conhecedores de, vamos supor, formas de vida existentes em Marte. Sou submetido a seis horas de débito transversal de informações de valor indiscutível, provenientes de estudos aprofundados e dados retirados de experiencias inquestionáveis. O léxico utilizado pelos meus colegas de plateia é substancialmente diferente do meu. Eles estão a utilizar um código de encriptação com diferenças várias perante o meu, provocando assim, a existência de lacunas nos conteúdos da informação e a consequente deformação da mensagem por mim recepcionada. Terminada a discussão, sou submetido a uma prova que tem como objectivo primordial a avaliação dos conhecimentos por mim apreendidos na mesma. Eu executo a prova tendo por base óbvia a informação desencriptada pela minha ferramenta, o meu léxico, à qual junto as lacunas provocadas pela utilização de uma terminologia que não conheço.
Os resultados obtidos serão efectivamente correspondentes ao meu nível de conhecimento da matéria?
O meu conhecimento adquirido da matéria tem alguma proximidade da realidade da informação?
Perante os meus maus resultados é legítimo afirmar que existiu insucesso de aprendizagem?
Face aos resultados podemos admitir algum tipo de exclusão sociopedagógica?
E se eu pretender transmitir o que aprendi a um terceiro com um léxico eventualmente mais pobre que o meu? Que mensagem ele vai reter?

Estas e muitas outras questões que foram abordadas na formação levaram acima de tudo a que ficasse com muitas questões em mente. Mais que respostas, surgiram-me inúmeras dúvidas e perguntas que gostaria de encontrar respostas:
Como estão os programas lectivos estruturados?
Essa estrutura permite a adaptabilidade plástica do cérebro?
As matérias colocadas em programa estão na sequência necessária para a apreensão por parte do cérebro?
A execução dos programas lectivos contempla os intervalos imprescindíveis à apreensão, experimentação e consolidação da aprendizagem promovendo a criação e consolidação de vias neurológicas?
E no caso de ciclos pré-escolares, qual é o papel da família?
Os diversos e enormes problemas causados por processos disfuncionais de vinculação e estereotipagem dos pais e ou educadores?
As famílias são promotoras, cooperantes e coadjuvantes do ensino e da aprendizagem?
As famílias têm o mínimo de conhecimento acerca do funcionamento neurológico e cognitivo dos seus elementos e como se processa a aprendizagem?
Uma questão “intrigante” que me fica sem resposta é o “abuso” na administração em tão precoce idade de Metilfenidato, quase a gosto por incapacidade ou indisponibilidade para melhor educar?
Qual é o papel do clínico de clínica geral e familiar neste processo de sobre diagnóstico de híper actividades?
Poder-se-á equacionar uma pouco ética manipulação precoce da construção da personalidade da criança através da utilização de fármacos (leia-se Metilfenidato por ex.) interferindo directamente na construção e na adaptabilidade plástica do cérebro?

…Quantas questões ficam no ar!...

A única coisa de que fico convicto, é que é necessário e urgente obter respostas comprovadas e experimentadas para muitas questões e dúvidas que estão por responder e muitas outras que com toda a certeza irão surgir.
É urgente a criação de um grupo interdisciplinar e multidisciplinar de trabalho que tenha em vista o desenvolvimento de um trabalho impermeável a pressões políticas, de lóbis, de preconceitos, de ideologias, etc.…
Fiquei com a certeza de que não existe uma “receita” inequívoca a seguir.
Fiquei com a certeza de temos de motivar mais os educadores e os políticos do que os estudantes.
Fiquei com a certeza de que se estão a cometer muitos “crimes” seguindo determinados métodos.
Fiquei com a certeza de que é urgente melhor compreender, melhor fazer uso do compreendido e melhor ensinar dando início a uma corrente consolidadamente direccionada.

© Mário Rodrigues - 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Quem existo efectivamente?... Terá importância?...



Nas noites em que as tardes não ficaram…

Nas vidas em que as mortes não visitam…
Nos dias em que as manhãs não desabrocharam…
Nas manhãs em que os despertares não explodiram!
Nos amores em que e desejo não matou…
Nas dores em que o ser não morreu!
Nos filhos em que a vida não nasceu…
Nas mortes em que a dúvida não nasceu…
Só aí…
Só aí se sente a ausência de um existir conexo e fortuito, uma vida de raiva e desejo; ora doce e serena, ora louca e, qual dente tubarão; cortante, numa essência conspirativa de existências perdidas e sinapses ofuscadas por embriaguezes neurotransmitidas numa confusão obscura sem certezas de quem efectivamente sou…
Quem serei?
Biologia?
Cada vez mais me acho apenas bicho!...

© Mário Rodrigues - 2013

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