quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O oscar e a tartaruga

Ok!...
Finalmente encontrei um parceiro à altura para o meu confessor!
O meu amigo Oscar (Astronotus ocellatus), conhecido por “o peixe”, incomodado com uns certos habitantes do seu aquário, foi lhes demonstrando que a democracia é muito bonita desde que seja ele a mandar! Certo?
Ao que parece, este seu temperamento não foi sendo muito bem compreendido pelos “amigos”, a tal ponto que se viu obrigado a... digamos subtraí-los... ao espaço envolvente. Assim, e como resultado dessa sua politica, ficou sozinho no aquário.
Os dois Plecostomus”, com a sua forte caixa óssea e escamas agressivas, ainda pensavam que venceriam a guerra... Não! Um após o outro, foram também eles, engolidos e digeridos ao longo de quase duas semanas, tal como o Corydora!
Ao fim de dois meses de solidão, o meu amigo Oscar encontra-se melancólico e imóvel flutuando só, no imenso aquário. Desesperado de tanta calmia, abandona as suas cores vivas apresentando-se desmaiado e adormecido a quem o visita.
Hoje, olhando para ele, tive uma ideia!
Uma tartaruga!
Uma tartaruga tem as características adequadas a um ditador! Jovem, irrequieta, comilona e o mais importante, tem uma casca dura e dez vezes maior que a boca do meu amigo.
Ele agora, o Oscar, é vê-lo em correrias no encalço a nova amiga. As suas cores vivas voltaram e a sua vida deixou de ser uma tristeza.
Poderíamos tirar várias reflexões disto! E não estou a falar só de biologia!
Há aqui lições sociais e politicas a tirar ou é impressão minha?
© Mário Rodrigues - 2011

sábado, 7 de maio de 2011

Nós não conhecemos nem dominamos os nossos cérebros!

Estou moído! Sinto-me nevrálgico e hibernante. Ontem, um dia bastante agitado, deixou sequelas para o futuro. Estou moído!
Uma tentativa, quase inebriante, que vamos desenvolvendo para sermos cada vez mais pró éticos, uma preocupação com os discernimentos de partículas "microscópicas" de ética e justo bem nas nossas existências, tem-se vindo a demonstrar, não só contranatura, como, em si mesmo, conspirativo numa dinâmica dificultadora de um saudável processo de pensamento.
Tenho reparado e sentido a acção de uma preocupação constante, permanente e, admito-o, por vezes quase patológica, em me "encaixar" nuns padrões social, cultural e antropologicamente, ditos éticos. Isso em si aparenta-se à primeira vista, algo que todos deveríamos fazer, num verdadeiro esforço de harmonia e bem-estar universal.
Não! Não só não tenho essa certeza, como vou duvidando da sua eficácia e vou sentido o seu efeito nefasto na saúde mental dos indivíduos e das sociedades.
A quantidade de casos de ansiedade patológica e depressões pré e pós traumáticas que se vão espalhando como a sombra de uma negra nuvem pelas paisagens de belos dias de Sol, vai aumentando com o crescimento dos efeitos nefastos de processo de justificação ética que vamos tentando assimilar e ensinar aos mais pequenos desde tenras idades.
De modo algum poderei afirmar que abandonada seja a ética e a tentativa da justiça!
Apenas vou achando que estamos a ir depressa demais, e isto pode parecer uma barbaridade, com este processo. Antropologicamente, não estamos preparados para esta aceleração na aplicação de todos os princípios éticos que inventamos, sendo que alguns são mesmo muito pouco éticos, claro está, vistos através das minhas "lentes" éticas. Não posso deixar de pensar no que têm sido estes 50 milhões de anos de evolução natural que produziram o homem de hoje. Não obstante, entendemos que estamos, intrinsecamente, quase totalmente errados!
Os processos contidos nestes milhões de anos de evolução sócio biológica foram amplamente constituídos por crueldades, injustiças, oportunismos e traições integrantes e derradeiras no desenrolar desses mesmos processos e no seu êxito de hoje.
O nível a que temos elevado a complexidade do pensamento, com tentativas de dissertação acerca de pensamentos, já em si, de elevado nível filosófico e complexidade de escalonamento psíquico, leva-nos a ponderar situações, circunstâncias e hipotéticas realidades que nos transportam para níveis que estamos muito longe de controlar e compreender. Sendo que, inevitavelmente, ficamos reféns deles mesmos, numa espiral de surrealismo virtual em cadeia. Nós não conhecemos nem dominamos os nossos cérebros!
Tenho ponderado a possibilidade de ir mantendo, até provas contrárias, a justiça e a ética, na gaveta entreaberta das inexistências, na companhia da liberdade, do acaso e da verdade...



© Mário Rodrigues - 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

"...Aqui é a coelhinha passos!..."

- Aqui é a coelhinha passos!
...
- Alô! Alô! Alô! Alô!...
- É a D. Tróica?
- É a Própria!
- Oh, D. Própria, posso falar com a D. Tróica?....

© Mário Rodrigues - 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Good luck sister!

 Há dois meses disse aos "restos" de uma pessoa que ela seria sempre muito mais que as etiquetas que lhe colavam na testa e que faziam com que lhe cuspissem na cara. Hoje chamou-me, mandou que me chamassem, cobriu-me de beijos e disse-me adeus!... Ainda estou a explodir por achar que há vidas que valem!... Good luck sister!

© Mário Rodrigues - 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Abril ainda está por fazer…



Abril….

Vagueando pelo meio dos meus documentários...,dei com os olhos no "Capitães de Abril". Sei bem que não é um documentário, mas na minha prateleira está nesse lugar, dos documentários. Tinha 4 anos no dia 25 de Abril de 1974. Não resisti a dar uma olhadela, pela 225ª vez e mais uma vez, como da 1ª vez que o vi, chorei novamente… E principalmente, chorei por continuar a sentir vontade de chorar quando o vejo. Abril ainda está por fazer! Abril foi e é todos os dias enxovalhado e vergonhosamente tomado por bocas e mãos que nunca o entenderam mas sempre o usaram ou se entenderam, no dia da nascença, o enterraram imediatamente.

Abril ainda está por fazer… Abril ainda está por fazer… Abril ainda está por fazer…

© Mário Rodrigues - 2009

segunda-feira, 28 de março de 2011

Não era cedo. Mas também já não era tarde!

Não era cedo; mas também já não era tarde! A luz era esbatida nas estepes, e frio regelava os pensamentos. 

Onde estariam naquele momento? Que estariam a fazer? E ela? Aquela boca, o corpo, as ancas, os seios, as pernas...Seriam ainda, paisagens da sua exclusiva contemplação? E porque haveriam de o ser?

A saudade misturada com a solidão, formavam uma pasta cinza podre, pegajosa que se ladeava no corpo e nos membros, provocando sucessivas quedas pelo torpor no andar dos pensamentos.

A sua existência doía! Doía-lhe mesmo muito existir! 

Os dias foram se transformando em coisas miseráveis, que nada tinham de desejado. O urso que sacudia toda a casa, casa...; o urso, com as patas, partia pedaços a cada impacto; desejoso, selvagem, brutal...quando ainda havia cheiros...Era a sua única visita... Mas desde que o último pedaço de gordura de foca se extinguiu... Deixou, sim, deixou de aparecer.

O couro das botas cozinhado em neve na chama de querosene, foi o último manjar... 

Lá fora...branco, muito branco! 

Que quente que está o seu ventre... Acabara de lhe beijar os seios, muito suavemente, eles, dormiam já...hoje teria vergonha de fazer amor com ela...está impuro; mas por dentro. Nada fez de condenável, mas sente-se degradado. 

Não era cedo; mas também já não era tarde! Talvez, de manso, ela se aproxime. Talvez, sem dor, o acolha. Talvez sedutora o envolva... 

Lembro-me de a ver chegar, lenta, discreta, poderosa. Lembro-me de a desejar. Lembro-me de lhe não resistir. Lembro-me de o último suspiro expirar...

Não era cedo; mas também já não era tarde!

© Mário Rodrigues - 2009

sábado, 19 de março de 2011

Dia do Pai

Ao meu, disse-lhe que gostava de ser como ele quando for grande.

A mim...

Mil beijos

sexta-feira, 18 de março de 2011

Um dia, um dia tentei!

Um dia, um dia tentei! Mas num prenúncio de vida adiada, a tentativa saiu frustrada!
Sou incompreensível!
Ponto final.
Tenho tempo!
Talvez um dia!
Antes de depositado por sobre a raiz da sequóia sob a forma de carbono devolvido... Ou não!

© Mário Rodrigues - 2011

Havia...

Havia...
Estou de volta ao psiquiátrico!
Tenho medo de uma certa alegria que chego a sentir... Pelo reencontro com a lucidez dos "loucos"!...
Não tenho a certeza se aquela casa me tira ou dá dias de vida... Mas faz-me uma coisa extraordinária que é chorar compulsivamente por dores alheias...

Obrigado Lúcia...

© Mário Rodrigues - 2011

Hoje vi um cão!

Hoje vi um cão!
Os cães são animais amistosos...quando mordem é porque têm razões. 
Gostava de um dia ser um cão. Eles sé mordem quando têm razões. 
Alguns mordem porque não foram bem-criados e porque reflectem o desespero dos donos. Os cães pressentem os medos e os anseios dos homens. Isso reflecte perigo devido à instabilidade emocional de um bicho desequilibrado que é o homem. Eles, os cães, põem-se à defesa! 
Começam por ladrar em tom receoso. Sim. O homem representa um enorme perigo para os cães! Os homens, dificilmente compreenderão os sentimentos de um cão!

Esta manhã vi dois! Estavam debaixo de um telheiro. A dormir debaixo de um telheiro. Cobertos por um cobertor fedorento, nojento e asqueroso!... 
Eram invisíveis!
No entanto, estão atravessados nos meus olhos como ciscos granulados!

© Mário Rodrigues - 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Não, não é nenhuma novidade...

Não, não é nenhuma novidade, infelizmente. Há já muito tempo que clamo e grito até a minha voz se sumir. A promiscuidade entre o poder político, o poder judicial e a banca é vergonhosa, escabrosa, corrupta, injustíssima e atenta aos mais básicos dos direitos humanos do povo. O “putedo” em redor das trocas de poleiros, proporciona a possibilidade do, “hoje eu abro-te esta porta, que está fechada para todos mas como eu tenho as chaves… se amanhã tu me garantires…” É gritante o modo como a banca deste país, verdadeiros agiotas, seres repugnantes, “merdosos” que sem escrúpulos nenhuns, afrontam quem roubam, com lucros vergonhosos, tendo em conta de não passam de carcaças que tiraram das bocas dos nossos filhos, das casas que pagamos 3 vezes, do nosso nome e honestidade que será sempre muito maior que a deles, e que eles protegidos pelos amigos governantes e com a conivência dos compadres judiciais, enxovalham nas lamas publicas de listas que são acima de tudo o retrato da sua própria incompetência e ávida ganância. Se assim não fosse, em vez de se aproveitarem das fragilidades, sem quaisquer escrúpulos, ajudariam a tomar decisões mais acertadas e responsavelmente, dizerem “não”, sempre que fosse sinónimo de responsabilidade. Mas tudo isto se passa sem problemas, porque quem hoje rouba na administração de um banco, amanhã é ministro de qualquer coisa e depois administrador de uma qualquer EP, para colher umas reformas milionárias, roubadas aos contribuintes, com a garantia que logo depois serão acumuladas com a administração de outro banco ou coisa do género. O país não tem a culpa de rigorosamente nada e recuse-me a emigrar. Mas sinto-me permanentemente roubado, espancado, violado… Por um “chico-espertismo” de alta-roda, que somos obrigados, escravizados, a alimentar. Continuarei a gritar, apesar de poder ser chamado de masoquista…


© Mário Rodrigues - 2011

Coiso...

Sem conotações partidárias, sindicais ou quaisquer outras, sem fantoches que se juntam a uma luta pela frente e se lambuzam vergonhosamente nos bastidores, quero, desejo e sem qualquer receio me junto a um brado em uníssono para transmitir que os portugueses em geral e nós os mais jovens não somos parvos. Não somos rascas. Não somos inúteis. Não somos despreocupados nem distraídos. Somos inteligentes, vemos muito bem e há já muito tempo, que somos explorados, roubados e desrespeitados pelos governantes e toda a teia promiscua de interesses especulativos e financeiros que os rodeia, num bolo de vergonhosas dimensões. Está na hora de deixarem de nos afrontar a fome com exibições de lucros milionários às nossas custas. Está na hora de serem honestos e dignos da confiança que lhes foi confiada. Está na hora de deixarem de nos usar a todos como insectos desprezíveis que podem ser esmagados com a ponta de um indicador. Está na hora de dizermos todos que sabemos muito bem o que eles fazem e como fazem, o que usurpam e de que modo, mas que estamos fartos. Que estão a matar a última coisa que deveria morrer no coração de uma mulher e de um homem que é a esperança. 
A revolta de um povo prende-se pelo ele possa ter a perder... Os portugueses em geral e os jovens deste país começam a ter muito pouco a perder.

© Mário Rodrigues - 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Eu gostava...

Gostava!

Gostava de ser melhor do que sou a fazer o bem, bem
Gostava de poder e conseguir ajudar mais, quem precisa mais
Gostava de saber dizer palavras que acalmassem os inquietos
Gostava de conseguir confortar os desesperados
Gostava de dizer as palavras que contam para os solitarios
Gostava de não dizer a um filho que o pai morreu
Gostava de nunca ser necessário dizer a um pai que o filho nasceu
Gostava que jamais um filho morresse
Gostava de saber o que fazer amanhã
Gostava de saber que o meu filho soubesse que o filho dele tinha futuro
Gostava de ser respeitado
Gostava de não ser roubado
Gostava de não ser ignorado
Gostava de não ser um mero número
Gostava de não ser dispensável
Gostava de não ser um fantoche
Gostava de achar que os outros eram bons
Gostava de acreditar que todos faziam com cuidado
Gostava que o trabalho de todos não fosse delapidado
Gostava de ser possivel gostar de acreditar nisto

E como um amigo meu me disse, "Gostava de conseguir ter esperança..."


© Mário Rodrigues - 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Copulou freneticamente enquanto roía uma cenoura...

Passei pelo jardim zoológico e perguntei baixinho, por vergonha, a um babuíno se estava preocupado com a vinda do FMI a Portugal. O indivíduo ignorou-me, virou-me as costas e correu ávido para junto de uma fêmea com quem copulou freneticamente enquanto roía uma cenoura... Há vidas melhores! São é mais baratas… 

Bem sei que esta é uma reedição! Mas é tão...

© Mário Rodrigues - 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Portanto, meu amigo, isto não é coragem mas antes medo!

Para melhor se entender este post, deve ser lido antes o "Não sei se algum dia estarei satisfeito", bem como os comentários...


"...Gostava de ter a tua coragem."
...
Olá meu bom amigo,

Leio o que me dizes com cuidado e atenção. A cada passo vou reflectindo em mim. Não me invejes a coragem! Ela não existe! Pelo contrário, o que existe é pânico! Um medo enorme do que os meus pensamentos e a minha "consciência" me façam a mim mesmo! Medo de me ver obrigado a admitir perante mim próprio, que tenho ou tive uma existência inútil e perfeitamente dispensável! Que para nada servi e que nem viver consegui, limitando-me a sobreviver. 
Enquanto te escrevo isto, vai-me assaltando a cabeça o pensamento de que no fundo, nada mais sou que um egoísta pseudo-activo!... Será, quanto muito, uma ferramenta, de cabo partido, para lutar por uma sobrevivência não corpórea. Uma espécie de armistício...

Portanto, meu amigo, isto não é coragem mas antes medo!
Isto não é altruísmo mas antes egoísmo!

Mais corajoso me pareces tu, que sabendo do mesmo que eu, não te submetes aos domínios, enfrentando os medos e dominando os pânicos...

Um abraço


© Mário Rodrigues - 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O senhor já cá veio setenta e duas vezes!...

- O senhor já cá veio setenta e duas vezes!...
- Ah!... Sim!... Está bem!...
...
Fui esta manhã, num passeio que me já é lúdico, à Av. do Brasil, ao I.P.S. para me reabastecer. 

Sempre senti a disponibilização do sangue que me percorre as veias e as artérias, e digo disponibilização porque é o que eu faço! Só daria sangue se ele fosse meu, o que não é o caso! Meu é o que eu domino e controlo e por isso poderia dar ou não, no entanto tal não se aplica ao sangue assim como também não se aplica à medula óssea e outras "cenas" que vão andando pelo corpito do rapaz, mas voltando à disponibilização, desde sempre senti que vou lá receber! Receber vida, alegria e bem-estar! Venho de lá a bater com os calcanhares no rabo!... Quando saio tenho o hábito de dizer obrigado, principalmente porque me sinto na realidade agradecido.

Tenho a noção que isso já deve ter dado algum jeito a alguém, mesmo porque, à razão de aproximadamente 830/850 g de cada vez, apercebi-me hoje, que já me tiraram de dentro mais de 70 kg!... O que faria de mim um gajo com uma elegância estúpida!... Não é o caso!... Não obstante, nunca com tal me ocupei mais de dois segundos de pensamento.

Em outras situações, as profissionais, muitas vezes lamentei não haver umas unidades por ali à mão para meter nos canos de um ou de outro que estava a ficar pálido demais!... Mas, estranhamente ou talvez não, tenho comportamentos díspares em ambas as situações.

De qualquer modo, estas setenta e duas vezes, como dizia a minha avó, nem me "aquenta" nem me "arrefenta". Aliás, tensiono, se ele for estando em condições, emagrecer mais uns belos quilos durante mais uns bons anos...

A propósito, vocês também podem ficar mais elegantes se quiserem! 

© Mário Rodrigues - 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Pregos na tumba do boticário - III

Os meus catorze anos ainda estavam muito frescos. As circunstâncias proporcionaram um trabalho por recomendação... Vá se lá entender as manhas e as manhãs destas vidas!... Estava a decorrer o meu quinto dia de trabalho. Os anteriores, tinham sido compostos de ensinamentos e recomendações por parte das duas gentis senhoras doutoras que me iam incutindo no coiro uma mania de arrumar tudo estéticamente e de que tudo tem o seu lugar e tem de lá estar, que me tem aterrorizado o resto da minha vida.
Dava-se início a umas levíssimas e breves incursões pela zona de atendimento, sempre debaixo de rigoroso e perscrutante observação das ditas.

- Mário, quando alguém lhe pedir alguma coisa, escute com atenção e pergunte em que apresentação é que o cliente pretende o medicamento! Como sabe, eles têm várias apresentações e só assim, você sabe em que armário e ordem ele está!
- Com certeza Sra. doutora!
...
- Bons dias! Eu desejo aspirina!
- Com certeza! Só um momento! Aqui está!
...
- Boas tardes!
- Faz favor?
- Quero uma embalagem de voltaren!
- Quer em comprimidos ou em pomada?
...
- Boas noites!
- O que deseja?
- Quero uma embalagem de bisolvon!
- Quer em comprimidos ou em xarope?

Assim fui lentamente apreendendo os saberes! E já sabia muitos!
Sendo eu o único individuo do sexo masculino presente naquela farmácia, um senhor entra e dirige-se especialmente a mim:

- Boas tardes!
- Boas tardes! O que deseja?
- Quero uma embalagem de durex!
- Quer em comprimidos ou em pomada?
...


© Mário Rodrigues - 2011

domingo, 9 de janeiro de 2011

Pregos na tumba do boticário - II

...
- Bons dias tio Gomes!
- Bons dias Márito! Vais já abrir?
- Está quase. Falta um quarto para as nove... Mas se está com pressa diga, que eu despacho-o já!
- Se calhar é melhor, cosdespois tá aí muita gente...
- Não há problema! Diga lá o que se passa...
- Ando de pederneira! Arranjas-me aí algum bosteiro? Qualquer coisa para bostear!...
- Tem aqui leite de rícino. Tome duas colheres de chá já. Se até a meio da tarde não fizer nada, tome mais duas. Quer levar umas folhas de sene? Para fazer um chá para depois?
- É melhor Márito! É melhor...
...
- Olá tio Gomes! Então isso já anda bom?
- É homem! Aquilo foi de aluvião!...
...

Instruções:
Pederneira - prisão de ventre
Bosteiro - laxante
Bostear - defecar
De aluvião - uma purga

© Mário Rodrigues - 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pregos na tumba do boticário - I

...
- Bons dias meus senhores! Como ides?
- Bom dia senhor Manuel Valas!
- Olá Mário! Estás bom?
- Estou sim senhor, obrigado! Então e o que o senhor deseja?
- Olha rapaz, ando aqui com uma gosma que mete raiva! Arranja-me aí um lambedor! Um de mata bois!...
...
- Aqui tem senhor Manuel Valas. Tome uma colher de sopa quatro vezes por dia; mais ou menos de quatro em quatro horas!
- Ómessa? Atão e o lambedor? Vai pó Tejo?

Instruções:
Lambedor - Xarope
De mata bois - bastante forte

© Mário Rodrigues - 2011

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