quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

As forças interiores e outras trivialidades...

Contava Roberto Rosselini...

Um agricultor num dado dia, levou consigo o seu filho e Borino o cão. Na sequência dos seus lavores, deixa a criança e o cão debaixo de um grande carvalho. Horas depois, quando regressa, encontra a criança degolada com marcas de dentes na garganta. Com o coração destroçado de dor mata o cão. Imediatamente após vê uma serpente enorme e toma consciência do tamanho da injustiça que acaba de cometer. Perturbado coloca respeitosamente o animal numa cova coberta de rocha e colocou-lhe uma inscrição que dizia - “ Aqui Jaz Borino a quem a ferocidade dos homens matou”
...
Vário séculos depois, foi construída ali uma estrada junto do túmulo do animal. Os viajantes, fatigados das suas viagens, descansavam junto carvalho e liam a lápide. Um dia alguém sob o peso da fome, da peste e do cansaço rezou e pediu a intercepção do sepultado vitima dos homens junto das divindades para que a dor lho fosse aliviada.
...
E os milagres aconteceram. Anos depois, os habitantes construíram uma igreja bela Igreja e, lá dentro, um tumulo digno. Eis que, aquando da trasladação dos restos mortais, se deram conta que se tratava de um canídeo...

As realidades e as situações despoletam fenómenos extraordinários dentro das pessoas! Não obstante, elas mesmas, as realidades e as situações, numa conspiração vital, também no contrário são exímias...


© Mário Rodrigues - 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

As namoradas dos meus amigos...

De um modo geral, as minhas manhãs, salvo algumas excepções, são passadas ao volante a "varar" quilómetro enquanto ouço Beethoven ou Skunk Anansie.
Ontem, envolto numa enorme melancolia, necessitava de algo que me agitasse o dia e a mente!
Enviei uma mensagem escrita a dezoito indivíduos com quem tenho uma relação de amizade que dizia o seguinte:

""Manda-me o número de telefone da tua namorada. Acho-a uma mulher muito interessante e quero combinar qualquer coisa com ela. Mário Rodrigues."

As respostas foram eventualmente surpreendentes! Dar-vos-ei a minha análise, antes mesmo das resposta.
Foi-me possível constatar que, ao contrário do que o mundo proclama, a instituição de pseudo-matrimonial não está em decadência! Foi uma constante a confiança que os meus amigos demonstraram nas suas companheiras. O facto de me enviarem prontamente os contactos directos das suas caras metades, na maioria, demonstra uma confiança inabalável nas suas dedicadas e merecedoras companheiras.
Reflicto um pouco...
Será que eles me consideram um eunuco? Que risco algum represento??...
Respostas:
3 Não responderam. Não viram ou não receberam...
1 “...vai pó ca.........”
Dos 14 que me enviaram o número imediatamente na volta da mensagem, ressalto os seguintes:
4 Mandam o número sem mais questões
5 Dizem: “então mas tu já o tens! Fala com ela quando quiseres!
3 Mandaram o número com as instruções do melhor horário para as contactar.
1 Junto do número dizia: “liga agora que ela ainda está na cama...”
1 Junto do número dizia: “...força que o período acabou há três dias e ela está no cio!...”

Como podem calcular, tive um dia bastante divertido assim como os meus amigos, os 14 que entraram e as respectivas respeitosas companheiras que deram origem a conversas dos diabos...

© Mário Rodrigues - 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Se hoje me bastasse!...

Hoje não me basta esperar para que o dia passe
Hoje não me basta a escuridão para deixar de ver
Hoje não me basta encolher-me para me refugiar
Hoje não me basta chorar para as lágrimas verter
Hoje não me basta o silêncio para sossegar

Hoje também terei que me afundar; e do fundo de um escuro poço, trazer coisas viscosas emaranhadas nas mãos
Hoje também terei de com dor, escarafunchar na carne, e de um rompante, arrancar o espinho que, cravado há já muito, infectou e está rodeado de matéria pútrida

Mas...

Mas hoje, também deveria, desinfectar a carne escarafunchada e cuidar que sã cicatrize.
Mas hoje, também deveria, transformar coisas viscosas que habitam os fundos dos poços escuros em fortificante que em terra cuidada melhorassem os seus frutos
Mas hoje, também deveria, em sossego, cuidar dos silêncios e conhecer-lhes as origens
Mas hoje, também deveria, verter lágrimas sobre o tempo perdido
Mas hoje, também deveria, nos raios do Sol me refugiar ofuscando os incautos distraídos
Mas hoje, também deveria, sair da escuridão e com olhos limpos começar a ver
Mas hoje, também deveria, ansiar que este, que foi mais uma oportunidade de ser melhor, que este dia não passasse...

No entanto, uma inquietude insatisfeita, faz com que se procure o que virá a ser indesejado e que com desprezo se ignore o que se quis...

© Mário Rodrigues - 2010

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