quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Então mas o que tem acontecido é o que me interessa?

Nasci num dia de primavera, ainda que Dezembro fosse. Nas primaveras está contida a esperança de dias de sol forte. A esperança é uma arma nas mãos da conspiração; impele-nos em epopeias, macera-nos os corações e revolta-nos nos esperados. Epopeia enfrentei no dia em que nasci, hoje tenho outras epo’s, algumas com pouco de peias’s. Alguns dos caminhos, que dados nos são a percorrer, há quem diga que são à escolha! Mal sabem eles que nada se pode neste mundo pensar em escolher! Uns aparentam-se bons, mas a meio as veredas mostram-se. Outros exibem penhascos mas com o andar amaciam... No entanto... No entanto outros há, que desde o primeiro dia os soubemos tinhosos! Caminhos curvos, brisas cortantes de norte, caminhos em que esperamos fés infundadas, caminhos que no seu caminhar a dor não se desvanece, caminhos que nas claridades das subidas, nos cumes revelam a agrura das descidas. Curvos como cordéis enrolados nos bolsos são os sentires da gente daqui. Gente daqui que nada mais queria que ser feliz. Felicidade que todos dizem que procuram. Para? Para exibir em pequenos cartõezinhos que penduramos ao peito – “ Mário Rodrigues, e por baixo, FELIZ” – Sim, tem de ser escrito em letras maiúsculas! Para que o processo de afrontamento se dê com eficácia. A felicidade é como um descapotável, anda-se na rua a demonstrar que temos “posses” para ter um!... E mal se sabe como aquilo funciona!... Afrontamento, não o proveniente da andropausa, sente-se quando o único meio que temos de respirar é por um balão, garantindo que respiramos infinitas vezes o mesmo ar até à embriaguez dos nossos saberes omniscientes, e ainda assim há alguém que pega num alfinete e faz rebentar o dito. Rebentar é um exercício que, penso eu, devia ser praticado com bastante frequência por algumas pessoas. Já rebentei algumas vezes mas nunca as que devia e do modo que devia... Será que é porque não posso escolher? Mas que quero eu escolher? Basta não escolher nada que tudo acontece, na mesma! Acontece o que me não interessa? Ah! Está bem!...

Então mas o que tem acontecido é o que me interessa?
Pessivelmente é poque nada se pode neste mundo pensar em escolher!...
 
© Mário Rodrigues - 2010

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