quarta-feira, 31 de março de 2010

Tudo está contido...


Pode não parecer, mas um dia este pequenino terá sessenta metros de altura e conter-me-á na forma de carbono... Mas antes, tenho de o cuidar!

Envergonhado, despertou antes de ontem, aqui no meu bosque e chama-se Abies Alba.

© Mário Rodrigues - 2010

Eram outros tempos... II


A eficácia foi-lhe morte.
Fruto do ventre de uma mortal, que a sua vida abandonou numa cesariana derradeira, teve como pai Apolo, filho de Zeus o senhor do Olimpo.
Senhor de mil sabedorias, medicinas e ciências, a Deus foi chamado.
A agilidade e dedicação levaram a que, contrariando os poderes de Hades, das suas garras lhe arrancasse os mortos com uma só mão.
Apolo, apesar de senhor da luz e da verdade, de seu filho, não manteve a divindade. Punido pela devolução da vida a quem dela tinha sido privado, Zeus sem piedade mata Esculápio com um raio!

© Mário Rodrigues - 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

Se eu fosse "soláquio"


Se por cada milhão de segundos na face da terra, no sol são menos 2,12 segundos, se em vez de terráqueo eu fosse "soláquio", seria muito mais novo...
Teria menos 44,56 minutos de idade!...

© Mário Rodrigues - 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

You Are Welcome To Elsinore

Entre nós e as palavras há metal fundente entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirardo mais fundo de nós o mais útil segredo entre nós e as palavras há perfis ardentes espaços cheios de gente de costas altas flores venenosas portas por abrir e escadas e ponteiros e crianças sentadas à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos há palavras de vida há palavras de morte há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar há palavras acesas como barcos e há palavras homens, palavras que guardam o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente, as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras noturnas palavras gemidos palavras que nos sobem ilegíveis à boca palavras diamantes palavras nunca escritas palavras impossíveis de escrever por não termos conosco cordas de violinos nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar e os braços dos amantes escrevem muito alto muito além do azul onde oxidados morrem palavras maternais só sombra só soluço só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Autor: Mário Cesariny de Vasconcelos

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cardhu...bagaço...álcool etílico...perfumes...


"Trinta e seis. Em Lourenço Marques!"
"Sim. Foi uma infância maravilhosa...tinha muitos amigos...e animais...a casa era enorme e tínhamos vários empregados...tínhamos uma divisão muito grande onde nos juntávamos todos à noite, onde havia cabeças de animais que o meu pai caçara...e um aquário...um aquário enorme onde tínhamos Tilápias e Muçambas...lindo..."
"1976. O meu pai veio mais tarde...mas veio...houve quem nunca chegasse..."
"Cedo, muito cedo. Pouco tempo depois de chegar. Os trabalhos piores eram para os "retornados". Um dia, um GNR foi lá a casa levar o recado; tinha-se soltado uma viga e que...talvez no dia seguinte pudéssemos levantar o corpo...no Chile, sim na praça do Chile"
"Não, não parei. Depois fiz mestrado e duas pós-graduações, mas..."
"Bastante bem. Escolhia-os. Nunca ia com homens...menos correctos e desalinhados. Tinham de ter, principalmente, capacidade financeira...percorri uma boa parte da Europa e estive nos melhores hotéis..."
"Um dia bateu-me à porta...outra vez! Iria ser diferente...ia deixar a mulher...mas...antes disso...o teste de gravidez deu positivo e ele...filho da puta...tinha a família dele! Disse-me! Somos sempre muito boas mas já mais se casariam connosco...Vermes!"
"Lindo, claro. Como todas as mães acham os seus bebés..."
"Não! Não nos faltava nada. Aturei clientes que...tinham dinheiro e viajavam muito em negócios e reuniões. Precisavam de uma companhia vistosa e culta para exibir aos outros palhaços nos jantares...indivíduos sexualmente desequilibrados...completamente..."
"Era um SLK. Era muito bonito e não foi completamente oferecido..."
"Não, não eram clientes. Era um grupo de amigos impecáveis...íamos vomitando os nossos fantasmas mutuamente..."
"Sim. Fui para a cama com um deles. Mero sexo animal...era uma pessoa especial...não tinha nada a ver com clientes..."
"Sim, já tínhamos bebido bastante...e uns riscos de branca..."
"Parciais! A esquerda tenho dos terços do fémur e a direita o primeiro terço da tíbia..."
"A principio, do bom e do melhor...depois Martin's, Dimple, Cardhu...bagaço...álcool etílico...perfumes..."
"Só duas vezes por semana! E com a vigilância de uma tipa sempre de olho...lutei muito para lhe dar o melhor...deitei tudo a perder..."
"A assistente social disse-me que se as coisas continuassem a melhorar, falava com o advogado para pedirem uma reapreciação...talvez me deixem voltar a ficar com ele..."
"E...posso contar com a vossa ajuda! Não posso?...pelo menos a tua?!..."

© Mário Rodrigues - 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

O vinho não é bom conselheiro

Chovia copiosamente, no entanto, a pequena quantidade de sangue que ainda existia no álcool, não tinha a força suficiente para o deixar ter frio e aperceber-se de que estava completamente encharcado. Em ziguezagues, elipses e trambolhões, lá ia indo pela rua gritando:

"EU QUERO COMPRAR O SALAZAR"...
"EU QUERO COMPRAR O SALAZAR"...

Se de início o guarda-nocturno ia fazendo de conta que não estava ouvir, sendo que a quantidade de água que caia era demasiada para "preciosismos", o aproximar de outros transeuntes obrigou-o a agir.

"SEU BÊBADO ORDINÁRIO, ANDA CÁ QUE JÁ TE DOU AS COMPRAS"...
"VAIS PASSAR A NOITE À ESQUADRA PARA MELHORARES"...

No dia seguinte pela manhã, confrontado com um acordar atrás das grades, questiona-se o que estará a fazer por ali!
Não encontrando resposta, resolve perguntar ao seu carcereiro:

"Oh! seu guarda, que mal fiz eu, um pobre homem, para estar aqui nos calabouços desta espelunca?..."

"Bem vejo que estás melhor que ontem meu bêbado miserável...Não sabes porque estás aqui? Pois fica sabendo que ontem, já perdido com o vinho, gritavas nas ruas que querias comprar sua excelência o Sr. Presidente do Concelho, o Sr. Doutor Professor Oliveira Salazar!..."

"Não posso querer!...", responde estarrecido. "Eu andava a dizer uma coisa dessas?"
"Claro! Já viu o tamanho da asneira?" Responde o guarda.
...
"Devia dar ouvidos à mulher e deixar de beber..."
"Um homem quando está bêbado compra com cada porcaria..."

Autoria: Autor popular

O presente

O presente...é um acaso da liberdade. Portanto...não existe!

© Mário Rodrigues - 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Eram outros tempos...

Talvez pudesse ser muito diferente...Talvez pudesse! Acredito que talvez melhor!
Não foi só a morte na fogueira de Jan Huss, não foi só o Concilio de Constança, não foi só a conquista de Constantinopla por parte dos Otomanos nem mesmo o fim do império Bizantino.
Foi também a Peste Negra, foi também a fortuna profana do papado, mas acima de tudo uma filosofia de castigo divino aplicado pela mão da inquisição que fez a grande diferença nas mentes e no desenvolvimento de uma humanidade...Foi sem dúvida uma idade negra, uma época de retrocesso eventualmente definitivo, em que a manipulação de massas vivia alguns dos seus melhores dias...

© Mário Rodrigues - 2010

sábado, 13 de março de 2010

Tenho de ter cuidados com o meu comportamento...

A manutenção da espécie humana depende de mais uma revolução!

Uma revolução tão importante como a comunicacional e mais que a industrial e que a tecnológica!

De uma revolução de princípios éticos. De reconsideração dos princípios básicos para a existência em grupo...

© Mário Rodrigues - 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

Arriscamentos...

Hoje dei inicio a um ciclo de almoços...extraordinários!

Requisitos:

-Três intervenientes no mínimo.
-"Open mind" suficiente para, sem rodeios, apontar e confrontar os outros com os defeitos que lhes achamos, justificando.
-Humildade suficiente para identificar as virtudes dos outros, os dos defeitos...
-Capacidade total de completo e repito, completo, alheamento de pré conceitos. O que é difícil mas possível...
-Discernimento para fundamentar as nossas convicções e o que os outros acham de defeito em nós.

Resultados a curto prazo:
-As amizades não ficam iguais. Ou não o eram e morrem naquele momento, ou saem com uma força cúmplice...de dimensão admirável...

Experimentem...
Recomendo...
Mas...Preparem-se...

© Mário Rodrigues - 2010

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