terça-feira, 29 de setembro de 2009

...DESTRUÇAR!

A sensação era estranha, deveria estar com medo, mas não me lembro de o ter naquele momento.

Apesar de ainda ser Fevereiro, dia 16, o calor era brutal, ou então simplesmente me parecia, a última semana tinha sido passada em intensos exercícios, tudo o que era fatos, máscaras e porcarias para engolir, me tinham garantido, que viriam a ser a barreira entre a morte e a vida lá por aqueles lados.

Dormi em toda a semana menos de uma noite, ou porque em exercícios, ou porque embora em casa e na cama, os olhos não se fechavam de terror e medo. No entanto, ali estava, e aparentemente sem medo... Ainda o sol não nascera quando ali chegámos. A noite tinha sido longa com todos os preparativos e recomendações dos comandantes. Ajustes e mais ajustes de última hora. Estava tudo previsto.

Apesar de casado, não tinha querido a natureza, que eu já fosse pai, apesar da tentativa... Naquele momento, lembro-me de achar que tinha sido um bom e mau sinal!
Bom sinal porque se morresse, não deixaria ninguém órfão de pai; mau sinal porque por instantes tive a sensação que a própria natureza que sempre fora minha amiga, parecia ter conspirado contra mim.

Nas placas, em formatura, há já algumas horas, a imponência do C-130, repousava indiferente a tudo em frente aos nossos olhos. Abastecido e pronto, ali estava ele.

Que raio se passava?

Está bem! Não tinha fome assim como não tinha medo, mas a ansiedade já começava a enlouquecer-nos a todos!

Era a primeira vez que ia andar em um avião grande! Os alouette’s, faziam-me quase parte dos pequenos-almoços mas o hércules não! Era a primeira vez! Diziam que era pouco confortável e que fazia muito barulho lá dentro! Que merda de viagem que eu ia ter! Porra!

Ilha de Chipre, Al Jaharad e depois Al Ahmadi, era o percurso anunciado! Como seria depois?

Da esquina do hangar, aparece o comandante! O seu ar austero e caminhar hirto, deixavam transparecer a ordem de “SENTIDO” e do “EM FRENTE, ...ARCHE”, que nos iria dar. A vida passa-me em flashes ultra-rápidos, pelos olhos! Escola, brincadeiras, mulher, pais...saberão eles o quanto os amo? Que loucura! Sinto-me agoniado! O capacete está a fritar-me os miolos ali ao sol!

“...atenção meus senhores! A força militarizada formada pelos nossos camaradas franceses, irá partir hoje, dentro de momentos, de Nice, para a Ilha de Chipre, na missão de apoio á operação tempestade no deserto, pelo que, ficaremos a aguardar novas ordens! Por isso, ...DESTRUÇAR!”

O estado era tal, que por instantes cheguei a sentir-me estupidamente desiludido...



© Mário Rodrigues - 2009

E neste momento em que as lágrimas me visitam...

E neste momento em que as lágrimas me visitam...

...Pois eu vos digo, a vós que tão bem me compreendeis e que testemunhais a minha alegria e felicidade; como a recuperaria eu?
Como, se um dia dos meus filhos fosse privado, se do cheiro e dos braços da mãe deles não tivesse notícias, se dos afagos dos meus pais fosse arrancado? Dizei-me, dizei-me como recuperaria eu a vida?

© Mário Rodrigues - 2009

sábado, 26 de setembro de 2009

Perdi tudo o que tinha...

Na minha vida, já algumas vezes, perdi "tudo" o que "tinha". No entanto, mais tarde recuperei-as! Hoje, luto principalmente para não perder nada que jamais recuperaria...

© Mário Rodrigues - 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Acasalamento...

Um casamento é uma panela onde se misturam, verdade, humildade, amor, dor, respeito, loucura, responsabilidade, diálogo, serenidade, sexo, concessão, tudo em doses meticulosas. Promessas, é um dos ingredientes que oxida e estraga a sopa.

© Mário Rodrigues - 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Porque teremos nós de sofrer?

Será pânico? Fobia? Será mesmo só medo? E de quê?

As mortes dos nossos queridos, os seus sofrimentos, as possibilidades de eles partirem... deixam-nos com o corpo prensado... com uma cavidade escancarada no tórax... com o cérebro fervilhante e um nó na garganta.

Observo numa ilha do Pacifico, umas fragatas, a pairarem sobre as andorinhas do mar, que de dorso negro, protegem as suas criar; as fragatas, em voos loucos atiram-se sobre as pobres, roubando-lhes os filhotes. Ali mesmo, muitos são engolidos à vista dos pais, outros são levados para o alto, onde acabam por ser objecto de disputa de outras fragatas...

Saberemos nós os sentimentos das andorinhas progenitoras, naquele momento de chacina? Sentiram elas alguma coisa? Se não sentem, porque protegem e guerreiam? E os filhos das fragatas, são eles os vilões? Seres que vivem da morte e com o sofrimento alheio?

Compreenderemos nós os verdadeiros sentidos das nossas vidas? As nossas missões? Saberemos nós a nossa dimensão e como se movimenta a cadeia interminável? Porque sofremos nós? Será o sofrimento, um elemento base e fundamental da existência da vida? Será que vivemos o sofrimento da maneira correcta? Existirá maneira correcta de o viver? Será o sofrimento simplesmente o mais eficaz dos professores? Tal como julgamos, o nosso apoio aos que sofrem, alivia os seus e os nossos sofrimentos?

Para já, apenas me ocorre enviar uma lágrima aos que neste momento têm de sofrer, tão-somente porque lhes é impossível fazer outra coisa.

...muitas outras questões se levantam em redor do sofrimento, que tal como a alegria e a felicidade, são fruto de transmissões eléctricas neurais e... e talvez mais alguma coisa...

© Mário Rodrigues - 2009

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Definitivamente, Deus depois do sétimo dia, fez o “Tobom”...

Seria com certeza uma boa viagem. Foi preparada como tantas outras, à pressa.

Chegado, beijos e mais beijos, “então como estão todos? Estão enormes os rapazes! Eles é que nos fazem velhos!”, nunca percebi o significado desta frase, mas também é verdade que a acho parva, e logo, nunca lhe dispensei muita atenção. Havia figos secos em tabuleiros espalhados sob as árvores do quintal, as vespas e as abelhas iam petiscando no melaço dos ditos. Os meus calções eram de um tecido meio acastanhado, aos quadrados, enormes, tinham dois suspensórios, mas como um não tinha botão, andava pendurado. As quedas provocadas por pisar o dito nas correrias foram bastantes, e rapidamente me levantava e continuava a correr ainda a chorar com as pedras cravadas nos joelhos.

Naqueles tempos havia uma coisa que, só por ela já valia a pena viver e adormecer rapidamente para que outro dia trouxesse uma nova possibilidade. Deleitava-me verdadeiramente, era maravilhoso, extraordinário, espectacular... e então se fosse acompanhado com umas batatitas fritas e um ovinho estrelado... Ai...! Nem é bom pensar! Aquele cheiro, aquele sabor... Definitivamente, Deus depois do sétimo dia, fez o “Tobom”!

A família era humilde, de dedicação e esforço reconhecido. Das férias grandes, alguns dias eram passados por lá. Sempre me senti muito bem por aqueles sítios. Naquele ano, fui abençoado com uma verdadeira chuva de maná no deserto. Sem entender porquê, principalmente porque nem me interrogava, o meu suculento” Tobom”, fazia-me visitas diárias, e chegava a trazer umas colegas, as salsichas, extraordinário! Na terça-feira à noite, já na cama, constatava que já tinha comido quatro vezes, e se a sorte me continuasse a bafejar, teria mais seis maravilhosos repastos de “Tobom”...

Não sei se a minha mãe, não terá estado por detrás daquele milagre da gastronomia dos pobres... Certo é, que desde então, até aos dias de hoje, o pensamento traz-me directamente dos neurónios para a língua e para o nariz, aquele abominável cheiro e sabor que, desde então, me consegue indispor... digamos, gástricamente...


© Mário Rodrigues - 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A morte do homem de quem eu era o único amigo...

Dia 0 - 8.00h – “Atenção fazer a higiene da cama 2 do quarto 4, que vai entrar um doente que vem da oncologia; é o Sr. ... Oliveira, sim é isso Oliveira! 68 anos, etc, etc...”, “então mas na cama 2 não estava a D. Albertina?”, “yap, disseste esteve...”, “ok...”

Dia 1 – 8.30h – “Então Sr. Oliveira, dormiu bem? – Vamos fazer a higiene?... Vá lá, só mais esta bolacha... Não... Os cigarros acabaram! Já sabe!”, “...não se preocupe, Mário, aqui quem precisa de cuidados sou eu! Bem o sei! Vocês é que me ajudam...”, “sim Sr. Oliveira, assim é-nos mais fácil de o ajudar a ficar melhor depressa, para ir jogar á bola com o Ricardito! Não é?”, “Sabes Mário, já vivi umas coisas... a guerra nunca me saio da cabeça...”, “...bem sei, bem sei...Sr. Oliveira, a guerra mata-nos por dentro...”, “Olha, o Ricardito diz que já tem uma namorada!”, “Aí sim! Ele esteve cá ontem?”, “...Não... Não o vejo á seis meses e meio... o pai...”

Dia 4 – 8.00h – “O Sr. Oliveira tem de ir lá abaixo, à imagiologia antes do pequeno-almoço...”, “...Ok. Que acham dele? Doente muito colaborante! Sim senhor!”, “pois é, realmente é... pena a família...”, “vem aí a mulher de quando em vez...”, “ainda não percebi porquê!”, “...tem bem a noção do seu estado, e apesar disso, colabora e chega a esboçar uns sorrisos...”, “...Sim é bastante simpático...”

Dia 6 – 16.00h – “...há visitas no quarto 4?”, “sim hoje há, está lá pessoal do estado maior...”, “... Está lá alguém de lá?”, “Está! Lembraste do Carvalho do aprovisionamento?”, “...há sim, já sei...”, “ pois é ele... dermóide...”, “...então pessoal, como anda aquilo por lá?”, “vai-se andando...”, “...oh, Rodrigues, tens ali uma bela peça...”, “quem?”, “ o Oliveira...”, “então?”, “então!?... tá a paga-las, filho da puta...”, “...eh Zé... dass... o homem mordeu-te?”, “Porra! Se calhar não sabias?”, “Não sabia nem sei!”, “Esse gajo é o maior filho da puta que eu já vi... Ninguém o gramava lá... Nem com molho de tomate...”, “ sabes o que o gajo fez ao...”, “realmente se assim é... Não é lá muito boa rês...”

Dia 7 – 01.00h – “... Porra! Parece que o gajo era mesmo um “granda” cabrão...” – No dia seguinte não o consegui olhar com os olhos cheios de empatia do costume. Tive dificuldade encaixar o que tinha ouvido naquele homem... no entanto, entre muitas outras conversas, apercebi-me que o dito era... mauzinho... as explicações para a ausência da filha e do filho, pareciam esboçar-se sem muitas interrogações! No entanto, a mim, nada de mal me fez, e ainda que tivesse feito... tenho de vencer a coisa! È sempre tempo...

Dia 8 – 16.00h – “olá Mário, não te tenho visto...”, “pois foi Sr. Oliveira, correrias! correrias!”, esforcei-me para não olhar como se tivesse a olhar para um carrasco! Não estava a conseguir ver a imagem do velhinho débil, doente terminal, mas agradável e colaborador!

Dia 9...

Dia 11... “pois, Sr. Oliveira...”

Dia 13... “um abraço, para si também...”

Dia 16...

Dia 18 – 8.00h – “... doente da cama dois do quatro, mudar a sonda e a algália... atenção que a medicação foi alterada!”, “aquilo está melhor?”, “nop, muito instável! Atenção aos registos dos valores...”, “Então amigo Oliveira?”, “...rshrshrs ohá ário, rshsrshsrsh...”, “ não se esforce, já lhe mudo a sonda...”, “...hhhuuuuumm... sabes Mário... tu és o meu único amigo...”, “então, passou-se? A sonda vai para o estômago! Não é para os miolos, homem!”, “...és um parvalhão tu... tu és o meu único amigo...”, “vá, respire fundo...”, “rshrshrs ário!...”, “sim?...”, “...rshrshrs...”

Dia 18 – 11.00h – “...está! Dr. Rocha, pode chegar cá a cima?”, “hora do óbito 10.50, chamem a família...”

Nos meus ouvidos aquela frase ecoa até hoje...

© Mário Rodrigues - 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Como lençóis brancos...

Os nossos fantasmas habitam-nos, acompanham-nos, intimidam-nos... Encolhemo-nos sentados sobre os travesseiros velhos nos cantos de luz difusa, com os joelhos junto do queixo... Gotas deslizam pelo rosto... Não trazem etiqueta se de bem, se mal; e porque seriam uma delas? São simplesmente lágrimas... Alguns desejamos exorciza-los... Outros, talvez, nem por isso... Já me habituei á presença de alguns que tolero, outros, faço-lhes mesmo confissões...

© Mário Rodrigues - 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Uma casinha branca...

“Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde prá plantar e prá colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela para ver o sol nascer
Às vezes saio a caminhar pela cidade
Procura de amizades
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão”

Cantada por Maria Bethânia

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tocando em frente...

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte mais feliz, quem sabe
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
E nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor para poder pulsar
É preciso paz para poder sorrir
É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu sou
Estrada eu vou
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor para poder pulsar
É preciso paz para poder sorrir
É preciso chuva para florir
Todo mundo ama um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
E cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história e
Cada ser em si carrega um dom de ser capaz
E ser feliz

Autor: Almir Sater/ Renato Teixeira

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

As regras da sensatez

Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez

Autores: Carlos Tê / Rui Veloso

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Insólitos… CINCO HISTÓRIAS NOCTURNAS

HISTÓRIA DO DITO CUJO
Se eu quisesse, podia contar muitas histórias sobre o dito cujo.
Mas basta esta, a primeira que me vem à cabeça. Um belo dia, após uma
bela noite de sono, o dito cujo abriu os olhos, levantou-se da cama, dirigiuse
ainda meio ensonado ao quarto de banho, olhou para o espelho e, oh!,
fez uma careta terrível! Caramba, a terrível careta que ele fez! E depois
disse: “Xanto Deux, o gue agontexeu à minha gara? Parexo o Gregor Xamxa.”
O que significa: “Santo Deus, o que aconteceu à minha cara? Pareço
o Gregor Samsa”, mas ele pronunciava mal as palavras, por causa daquilo
que acontecera à sua cara durante a noite. E é tudo.

QUANDO O SILÊNCIO CAIU EM VOLTA
A noite era de um esplendor invulgar. A lua, embora não estivesse
cheia, brilhava e envolvia toda a paisagem com uma beleza que desafiava
qualquer tentativa de descrição. Os campos estavam cheios de sombras
amenas. Não havia vento, nem o mais leve sopro. Os demais corpos celestes
derramavam sobre o lago uma luz pura, estável, branca. As árvores
estavam como que hipnotizadas numa espécie de encantamento misterioso.
A senhora Ava Novak estava sentada na varanda, desfrutando
das ternas e encantadoras sensações daquela noite maravilhosa, e sonhava,
sonhava, sonhava, contemplando a lua resplandecente. Depois, por um
momento, todas as cigarras se calaram, o silêncio caiu em volta e a senhora
Novak deu um pum.

CONSEQUÊNCIAS DE UMA NOITE DE FOLIA
Depois de uma longa e bem preenchida noite de bebedeira, Zavala
Zabehlice acordou dentro de uma garrafa. Uma situação, como é fácil
compreender, pouco ou nada brilhante.
- Efectivamente a minha situação está longe de ser brilhante. Na
verdade, é muito aborrecido uma pessoa acordar e concluir que está presa
no interior de uma garrafa. Talvez para sempre. É sobretudo muito incómodo
– diz o infeliz pândego, secundando a minha opinião.
Pois muito bem. Aqui têm o que proporciona uma noite de folia
como aquela que Zavala Zabehlice teve o ensejo de gozar.

O TRASEIRO COMICHOSO
Um fulano entra à noite furtivamente no gabinete de trabalho
de um escritor famoso, esfrega as mãos e bebe um frasco inteiro de tinta.
Depois pousa o frasco no lugar, coça o traseiro comichoso e volta furtivamente
para casa.
No dia seguinte, o fulano começa a cagar histórias e transformase
num autor famoso. O outro, sem a tinta, pobrezinho, mergulha numa
crise de criatividade e acaba por morrer de desgosto.

SEZAY GORODECKY NÃO CONSEGUIA DORMIR
Noite após noite, agitado, transtornado, ofegante, barrigudo e
com uma borbulha na ponta do nariz, Sezay Gorodecky não conseguia
pregar olho. Ora, passar tantas noites sem dormir não é muito bom para a
saúde. Ao fim de algum tempo uma pessoa começa a morrer de sono. E
nem de propósito! Ao fim de algum tempo, Sezay começou a morrer de
sono. E depois morreu*.

* Esta nota de rodapé é pura garotice minha. Existe apenas para enganar o leitor.
Sezay Gorodecky morreu efectivamente de sono. Fim da história.

Autor: RUI MANUEL AMARAL in “365”

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